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Bancada da selfie: deputados mais atentos às redes sociais do que ao plenário

Bancada da selfie: deputados mais atentos às redes sociais do que ao plenário

Parlamentares, principalmente os do PSL, não largam o celular nem mesmo durante votações importantes no plenário e deixam a articulação em segundo plano

Publicado em 25 de maio de 2019 às 01:03

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Deputados fazendo vídeos e selfies durante votação na Câmara dos Deputados. (DIDA SAMPAIO/AGÊNCIA ESTADO)

Alguns deputados têm tentado implementar um modelo de comunicação direta com os eleitores por meio das redes sociais. E isso em meio ao plenário, na hora mesmo das votações. O problema é que nem sempre a live transmite realmente o que está ocorrendo ao vivo. É só um recorte da realidade.

Na votação da Medida Provisória 870, por exemplo, imagens de deputados federais fazendo vídeos de si mesmos, solo ou em grupo, ganharam destaque. Enquanto se mostravam indignados com a possível saída do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) das mãos do ministro Sergio Moro, foi isso mesmo que se concretizou.

A articulação para impedir a manobra, para alguns dos deputados, ficou em segundo plano. Em primeiro lugar, as selfies. Neste quesito, destacou-se a bancada do PSL.

Não se pode afirmar, claro, que o resultado da votação se deveu somente ao ímpeto dos parlamentares de aparecer nas redes sociais. De acordo com reportagem da "Folha de S. Paulo", no entanto, a prática tem desagradado outros deputados.

Membros do PSL admitiram ao jornal que o partido tem que melhorar a articulação política, mas dizem que quando ficam muito tempo sem postar em suas páginas são cobrados pelo eleitorado.

Às vezes a cena é teatral, os deputados mudam de feições e de humor somente na hora da gravação ou da transmissão ao vivo.

O uso das redes sociais para angariar a atenção e fidelização do eleitor, entretanto, não é negativo, ressalta o consultor em marketing político Darlan Campos: "As ferramentas digitais trazem a possibilidade tremendamente positiva de dar aos eleitores um feedback daquilo que está sendo feito por ele na Câmara".

"O problema são os mandatos reality show", alerta. "Transformar a perspectiva do mandato em transmissão 24h, como se fosse um BBB, é problema até para o parlamentar, que dificilmente vai conseguir manter esse ritmo durante quatro anos. E depois os eleitores vão cobrar", avalia.

Ele lembra, ainda, que há figuras que "nasceram" para o público ou que ganharam relevância justamente por meio das redes sociais e foi graças a isso que se elegeram. É natural que tenham uma postura mais voltada a esses meios. O que não se pode é exagerar.

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Forçar a barra também não é legal. "Não posso ter um político sério e conservador pessoalmente e tentar transformá-lo num cara brincalhão e extrovertido nas redes. Ou vice-versa. Gera uma desconexão na cabeça do cidadão", destaca Campos.

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