> >
Governo x Assembleia: projetos de promoções na PM originaram racha

Governo x Assembleia: projetos de promoções na PM originaram racha

Proposta abriu caminho para formação de bloco independente

Publicado em 30 de maio de 2019 às 13:49

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura

Os “independentes da Assembleia” entraram na avenida para valer em posição contrária à do governo Renato Casagrande (PSB) na fatídica votação dos projetos que estabeleciam as regras para promoções de policiais militares, no dia 25 abril. Ali, todos os 10 parlamentares assim identificados votaram contra as propostas, que acabaram, no entanto, aprovadas.

O movimento do grupo já era perceptível, em discursos em plenário, mas consolidou-se no placar naquela data. Levantamento de A GAZETA feito nos registros oficiais das votações nominais na Assembleia Legislativa comprova isso.

Votações nominais, quando é possível saber como cada um se posicionou, ocorrem, obrigatoriamente, quando o que está em pauta são projetos de lei complementar – aqui considerados os propostos pelo Executivo – e vetos.

O um terço de parlamentares que votava majoritariamente com o governo até então passou a, depois da votação daqueles dois projetos, oscilar na posição contrária. Lorenzo Pazolini (sem partido), por exemplo, em 12 votações, ficou com o governo em 11. Isso antes dos textos relativos às promoções na PM. Depois, em dez vezes, votou contra o governo em 8 e a favor em duas.

A segunda votação que mais marcou a inclinação pouco governista do grupo foi a do veto que sepultou, por inconstitucionalidade, a ideia da Mesa Diretora da Assembleia de impor regras de transparência a outros Poderes.

No dia 21 de maio, todos os dez independentes votaram para derrubar o veto. O governo conseguiu a vitória, no entanto, por 15 votos pela manutenção do veto e 12 pela rejeição. Depois, por estratégia do líder do governo, Enivaldo dos Anjos (PSD), os deputados foram liberados para votar como quisessem em outros cinco vetos. Esses acabaram derrubados, com amplo apoio dos independentes.

Mas quando o recorte é mais amplo, considerando todas as 24 propostas analisadas (aí incluídos 15 vetos) de fevereiro a 21 de maio, os 10 parlamentares independentes deram ligeiramente mais votos sim do que não à gestão Casagrande. Cada um proferiu, em média, 11,1 votos a favor do entendimento do governo e 10,4 contra.

Se o recorte temporal sugere que o tema da segurança pública, ou o do interesse de classe, referente aos policiais, fala mais alto na Casa, um governista faz outra avaliação. Integrante do segundo escalão do governo que acompanha de perto as movimentações do xadrez político, ele avalia que os motivos dos independentes para assim se comportarem se deve menos ao que ocorre hoje e mais ao que está por vir.

“Só na Serra há três pré-candidatos deputados: Alexandre Xambinho (Rede), Vandinho Leite (PSDB) e o Bruno Lamas (PSB), que está licenciado para ser secretário. Então isso é só um exemplo de algo que mexe com o plenário”, pontua.

Mas ele acredita que no segundo semestre a relação entre Executivo e Legislativo vai melhorar: “O governo fez o planejamento estratégico, vai dar prosseguimento, nas bases, a obras que estavam paradas e isso também é de interesse dos deputados”.

A reportagem também procurou o secretário da Casa Civil do governo Casagrande, Davi Diniz, mas não obteve retorno.

Diálogo

Pazolini diz que o grupo não age por interesses eleitorais. “A união entre os colegas se deu a partir dos projetos de promoção da PM. É muito mais por portas que foram fechadas do que por iniciativa dos parlamentares”, afirma. “Ficou claro que não havia diálogo e sim monólogo”, complementa.

Ele pontua, no entanto, que os “independentes” votaram, sim, a favor do governo mesmo depois do episódio, em projetos de lei enviados pelo Executivo. Essas votações, no entanto, são, via de regra, simbólicas, e não fazem parte do levantamento.

Hudson Leal (PRB), por sua vez, destaca que atua por conta própria e não tem problemas com o governo. “O que acho que é bom, eu voto. Nunca deixei de conversar com o governo”.

Este vídeo pode te interessar

Outro integrante do grupo diz, reservadamente, que avalia que a relação com o Executivo vai melhorar em breve: “O governo está sinalizando que quer se ajustar com os dez”.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais