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Morre Catharina Novaes Barcellos, primeira mulher desembargadora do ES

Morre Catharina Novaes Barcellos, primeira mulher desembargadora do ES

Desembargadora aposentada faleceu em São Paulo, aos 74 anos. Ela assumiu a cadeira no Tribunal de Justiça do Espírito Santo em 2005, após uma carreira de 22 anos como juíza

Publicado em 13 de junho de 2019 às 18:28

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Catharina Novaes Barcellos foi a primeira desembargadora do ES. (Fernando Madeira)

A primeira mulher a ocupar o cargo de desembargadora do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), Catharina Maria Novaes Barcellos, morreu nesta quinta-feira (13), aos 74 anos. Ela estava internada no Estado de São Paulo. Catharina se aposentou da magistratura em 17 de abril de 2015, compulsoriamente, por ter completado 70 anos. Na época, ocupava o posto de vice-presidente da Corte. Ela se tornou desembargadora em 2005, após uma carreira de 22 anos como juíza.

No início da sessão do Pleno do TJES, nesta quinta, o desembargador Annibal de Rezende Lima foi o escolhido pelos pares para prestar uma homenagem à desembargadora aposentada. 

"A desembargadora Catharina teve uma notável vida profissional e apesar dos dramas que enfrentou ao longo da sua existência, foi uma juíza dedicada, competente, séria e honrou, sem dúvida, a magistratura capixaba, de modo especial esse Egrégio Tribunal de Justiça", disse Annibal.

Catharina Maria Novaes Barcellos formou-se em Direito pela Faculdade de Direito de Cachoeiro de Itapemirim em 1976. Antes de ingressar na magistratura, em 1983, foi defensora pública. Fora do ramo do Direito, cursou por dois anos a Faculdade de Filosofia, em Cachoeiro de Itapemirim e dedicou-se aos estudos de piano por oito anos. Ela deixa dois filhos e vários netos.

O velório será a partir das 15h desta sexta-feira (14), no Cemitério Parque do IBC, em Cachoeiro de Itapemirim. O sepultamento será no sábado (15), às 10h, no Cemitério Municipal Coronel Borges, no centro de Cachoeiro de Itapemirim.

HOMENAGENS

O governador Renato Casagrande (PSB) divulgou nota de pesar sobre a desembargadora. "É com profundo pesar que recebo a notícia do falecimento de Catharina Maria Novaes Barcellos, primeira desembargadora do Tribunal de Justiça do Espírito Santo. Sua dedicação ao Direito e o engajamento nas causas sociais fazem parte de seu legado. Sua defesa pela igualdade de gênero e maior participação da mulher no Judiciário – onde se dedicou por mais de três décadas – servem de inspiração. À família e aos amigos, deixo registrada minhas condolências", declarou.

O presidente da Associação dos Magistrados do Espírito Santo (Amages), Daniel Peçanha, lamentou o falecimento de Catharina. "Ela está entre as cinco primeiras juízas do Espírito Santo, e a primeira a chegar ao Tribunal. Tem um histórico de vida muito bonito, era muito engajada nas causas sociais, já foi coordenadora das Varas da Infância e Juventude do Estado, e deixa um legado muito bonito", afirmou.

Catharina Maria Novaes Barcellos foi desembargadora do Tribunal de Justiça do Espírito Santo. (Divulgação/TJES)

Segundo ele, a desembargadora aposentada sempre foi uma defensora de mais protagonismo das mulheres nas esferas de poder. "Ela faz parte dessa luta pela igualdade de gênero e maior participação da mulher no Judiciário. Hoje, no primeiro grau, já há um número maior de mulheres", disse.

O presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso (PRB) também lamentou a morte da desembargadora aposentada.

"Reforço que o legado deixado por ela, de atenção às minorias e às mulheres no que diz respeito à igualdade de gênero, ficará marcado na história da Justiça capixaba. Aos familiares, meus mais profundos sentimentos", escreveu o deputado estadual, em sua conta no Twitter.

O QUE ELA PENSAVA

Em entrevista para A GAZETA, em 2016, Catharina contou as batalhas que enfrentou até se tornar magistrada. Quando jovem, chegou a fazer vestibular escondido do marido. Depois, dividiu os cuidados com a família e trabalho para poder se dedicar ao concurso para juíza.

"Senti uma responsabilidade muito grande ao me tornar a primeira desembargadora. Porque se Catharina desse certo, havia possibilidade de vir outras. E se não desse certo, ia ser um estigma. Deu certo, graças a Deus", disse na ocasião.

Em entrevista à TV Justiça, quando se aposentou, ela também falou sobre seu papel enquanto magistrada.

"Às vezes, uma pessoa que procura a Justiça não quer ingressar com um processo simplesmente. Ela quer um apoio moral, uma palavra de conforto, e é importante que a gente saiba disso e prepare também a nossa equipe para que receba essas pessoas. Se elas vêm aqui e encontram a porta fechada, elas vão voltar decepcionadas. Não é essa a justiça que eu procuro. A Justiça é o refúgio dos aflitos”, disse à época.

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