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E agora, quem poderá defender os defensores públicos?

Em 2015, havia 217 defensores públicos atuando no Espírito Santo, distribuídos por 63 das 69 comarcas. Hoje, são 160 defensores, presentes em apenas 26 comarcas

Publicado em 30/08/2019 às 07h46
Defensoria passa por situação orçamentária difícil. Crédito: Amarildo
Defensoria passa por situação orçamentária difícil. Crédito: Amarildo

Quando um cidadão precisa recorrer à Justiça para lutar por um direito e não possui um advogado, lá está a Defensoria Pública do Estado para representá-lo. Mas agora, quem poderá defender os nossos defensores públicos? Nos últimos anos, o órgão criado em 1992 tem passado por uma situação muito difícil do ponto de vista de orçamento e de pessoal.

Em 2015, havia 217 defensores públicos atuando no Espírito Santo, distribuídos por 63 das 69 comarcas. Hoje, são 160 defensores, presentes em apenas 26 comarcas. Quem dá os números é o defensor público-geral do Estado, Gilmar Alves Batista. “Para a gente atingir adequadamente todas as comarcas, eu estimo que o ideal são 200, 206 defensores no máximo, dentro de uma reorganização que estamos fazendo.” Assim, existe atualmente uma carência de mais de 40 defensores no órgão.

A atual situação produz um paradoxo. Em junho de 2014, o Congresso promulgou a Emenda Constitucional nº 80, determinando que, até 2022, a União, os Estados e o Distrito Federal precisam dotar todas as comarcas com defensores públicos. Os membros da categoria no ES, Batista entre eles, lutaram à época pela promulgação dessa emenda.

“A emenda foi implementada, mas a movimentação feita desde então foi uma movimentação inversa: ao invés de a Defensoria ser expandida, ela foi regredindo”, assinala Batista. Ou seja, a obrigação de “ocupar” todas as comarcas é determinada por uma emenda pela qual os próprios defensores lutaram, mas a qual, agora, eles não têm condições de efetivar, por falta de recursos financeiros e humanos.

Um fator que contribui bastante para esse déficit de pessoal é o salário pouco atraente recebido pelos defensores no Espírito Santo, na comparação com outras carreiras jurídicas no meio privado e no serviço público. A remuneração aqui é baixa até quando comparada à das defensorias públicas de outras unidades da federação. Sem concurso desde 2013 (os anteriores foram em 2006 e 2010), a Defensoria Pública do ES, segundo Batista, paga o pior salário do Brasil.

“É a pior Defensoria do Brasil em termos de remuneração, tanto no salário inicial como no salário final. Isso explica a perda de quadros”. De acordo com a Constituição Federal, o salário de um defensor público pode chegar a R$ 35,4 mil. O teto corresponde a 90,25% da remuneração de um ministro do STF, fixado no momento em R$ 39,3 mil.

Hoje, porém, no Espírito Santo, um defensor em início de carreira ganha R$ 10,3 mil e, ao fim da carreira, pode chegar a receber R$ 15,9 mil – mas isso após prestar 35 anos de serviço e superar os 17 níveis em que se divide a carreira.

De acordo com o chefe da instituição, há ainda o agravante de que, desde 2014, os defensores públicos do ES são a única categoria do funcionalismo estadual que não recebeu nenhum reajuste – nem mesmo aqueles 5% pagos pelo governo Paulo Hartung em 2018.

SUCESSÃO NO TCES

No Tribunal de Contas, o mandato do presidente Sérgio Aboudib está chegando ao fim. Em outubro, os conselheiros elegerão o sucessor dele. Nos bastidores do tribunal, Aboudib já está preparando a transição para Rodrigo Chamoun.

AUDIFAX FICA NA REDE

O prefeito da Serra, Audifax Barcelos, chegou a cogitar se desfiliar da Rede, no fim do ano passado, após o resultado nacional muito ruim do partido nas eleições de outubro. Por não ter cumprido a cláusula de barreira, a Rede chegou a estudar fusão com o PPS. Audifax não gostaria de dividir legenda com outro cacique em nível local (Luciano Rezende) no partido resultante dessa eventual fusão. Esta, porém, não se confirmou, e Audifax hoje prefere ficar onde está, até porque não será candidato em 2020.

MILITÂNCIA NA ESQUERDA

Por sua origem política e história de militância, Audifax não se enxerga como um político de direita e, por coerência, não consegue se imaginar filiado a um partido desse campo. Já os partidos relevantes do centro para a esquerda (PPS, PSB, PDT, PT...) já têm todos seus próprios caciques no ES.

EX-PETISTA, INCLUSIVE...

Audifax sempre militou em partidos de esquerda ou centro-esquerda. Desde 2003, passou por PDT, PSB e, agora, Rede. Pouca gente sabe ou lembra, mas antes disso, de 1998 a 2003, o prefeito chegou a ser filiado ao PT. Nos anos 1990, assessorou a bancada petista na Assembleia. Era conhecido como “o técnico do PT”. Foi secretário municipal no mandato-tampão de Magno Pires (PT) na Prefeitura de Vila Velha, em 1988/89.

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