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Decepcionado com o PSB, Majeski cogita seriamente sair do partido

"Silêncio dos caciques diz muito", desabafa deputado. Ele sentiu falta de apoio do PSB no caso em que o chefe do MPES, Eder Pontes, interpelou-o na Justiça por causa de entrevista

Publicado em 22/09/2019 às 13h03
Atualizado em 22/09/2019 às 18h34
 Crédito: Amarildo
Crédito: Amarildo

Desconfortável e chateado com os caciques estaduais do PSB (incluindo Renato Casagrande), o deputado estadual Sergio Majeski indica que, não fosse pelas amarras legais, seu caminho natural, hoje mesmo, seria o da porta de saída do partido. Consciente de que uma desfiliação fora dos prazos legais e não devidamente negociada com os dirigentes pode levá-lo a perder o mandato, ele por enquanto vai ficando. Mas confirma que estuda filiar-se a outra sigla e não esconde a sua decepção com o PSB.

Em conversa com a coluna, Majeski mostrou tristeza pelo fato de nenhum líder do PSB ter feito manifestação pública espontânea de apoio e solidariedade a ele no caso em que o chefe do Ministério Público Estadual (MPES), Eder Pontes, entrou com uma interpelação judicial contra ele no Tribunal de Justiça por causa da entrevista que ele deu criticando acidamente a aprovação de projeto do MPES que criou 307 cargos comissionados.

“Tenho recebido convites de vários partidos, não só da Rede. Mas, legalmente, não posso sair. Não existe possibilidade de uma saída unilateral. Uma negociação com o partido, nem tentei, nem conversei nada sobre isso, mas também acho bem complicado. Até porque o silêncio do partido em relação à questão do procurador-geral de Justiça, de que eu ‘quebrei decoro’, enfim, o silêncio sobretudo dos caciques do partido diz muito. É um silêncio que fala alto. Não é que eu queira que o partido se manifeste por ser eu, mas pela defesa de um direito constitucional, que é a livre manifestação de um deputado, e o partido se cala diante disso. Inclusive meu companheiro de bancada [o deputado Freitas].”

A bem da verdade, é preciso registrar que, no dia seguinte a esta conversa de Majeski com a coluna, Casagrande declarou para mim que, na sua opinião, ainda que o chefe do MPES tenha o direito de processar Majeski por crime contra a honra, o deputado é “inviolável” na sua manifestação política. Cumpre ressalvar, por outro lado, que o governador não veio a público dizer isso em um ato voluntário e espontâneo, mas respondendo a uma pergunta deste colunista. Para Majeski, isso faz sensível diferença.

Na avaliação do deputado, alguns correligionários gostariam de tirá-lo do caminho. “Penso que algumas pessoas no partido adorariam que eu tentasse sair de qualquer forma para pedirem meu mandato. Tentar sair pela via judicial é sempre um risco. Então, a minha situação para sair do partido hoje não é tão simples. Agora, a gente vai vendo e estudando as situações. No ano que vem não tem janela para deputado. Só para vereador, na verdade. Então tenho que pensar muito bem sobre todas essas questões.”

Ele deixa um último recado: “Lembro que, como candidato, fui o deputado estadual mais votado do Estado. E não dependi em praticamente nada do partido para me eleger. Até pelo contrário: talvez, se eu tivesse tido metade dos votos que tive, eu tivesse sido eleito, mas o partido não tivesse conseguido fazer a segunda vaga. Então acho que acabei ajudando o partido a ter essa vaga.”

Na última sexta, Majeski e outro futuro ex-socialista, o deputado federal Felipe Rigoni (esse de saída certa mesmo), encontraram-se para, segundo divulgou a assessoria de Majeski, conversar “longamente” sobre “a possibilidade de troca de partido e as eleições municipais”.

A nota de Majeski sobre o encontro frisa que ele e Rigoni foram “os maiores vitoriosos do PSB nas últimas eleições para o Legislativo” e que têm “propostas concretas para deixarem as fileiras socialistas”.

Recado menos silencioso, impossível.

O SILÊNCIO DOS DIRIGENTES

Na semana passada, circulou no mercado político uma pesquisa de intenções de votos de pré-candidatos a prefeito de Vitória, incluindo Majeski. Este publicou os resultados em grupos do PSB, até para testar as reações. Praticamente, não houve nenhuma.

BOCÃO? QUE BOCÃO?

Nas últimas semanas, chamou a atenção da imprensa o silêncio quase ensurdecedor do corregedor da Assembleia Legislativa, Hudson Leal (PRB), sempre que indagado sobre processos existentes no órgão em face dos deputados Majeski e Capitão Assumção.

Dando uma interpretação sumamente elástica a um artigo do Regimento Interno – que impede membros da Corregedoria de se manifestarem sobre casos concretos sob pena de substituição ou desligamento do órgão –, Hudson recusava-se a responder até a perguntas simples, cuja resposta é “sim” ou “não”. Há processo? Já foi distribuído? Haverá reunião? Faz frio na Corregedoria? “Não posso falar.” Postura curiosa para quem, paradoxalmente, é chamado de “Bocão” pelos amigos no plenário.

O CONTADOR DE HISTÓRIAS

Outra ironia: além de deputado e anestesista, Hudson é dono de barco de pesca. Sabem quem também é dono de barco de pesca? Forrest Gump, o contador de histórias. Sim, ele mesmo: o célebre personagem de Tom Hanks que se senta em um ponto de ônibus e fala sem parar com estranhos durante o filme inteiro. Podia servir de inspiração ao deputado!

MDB BIPOLAR

Os grupos de Marcelino Fraga e de Lelo Coimbra festejaram, por motivos diferentes, a decisão da direção nacional do MDB de exigir que a estadual realize convenção no ES, em 30 de novembro: o de Marcelino, porque haverá a convenção; o de Lelo, porque a Executiva estadual provisória, que expiraria no próximo sábado, foi prorrogada por mais dois meses. O MDB está bipolar nas duas acepções do termo.

 

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