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Criar mais cargos de vereador vai na contramão do bom senso

Criar mais cargos de vereador vai na contramão do bom senso

Não há argumento que convença um morador de Vitória que esteja à procura de emprego ou de uma vaga em creche para o filho que aumentar de 15 para 21 parlamentares é medida justificável

Publicado em 24 de agosto de 2019 às 22:55

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Câmara de Vitória: planos para aumentar número de vereadores. (Divulgação)

Desde que o país mergulhou na crise, em 2015, os gastos públicos entraram na pauta do dia e são discutidos do Congresso à mesa do bar pelos brasileiros. Esse cenário trouxe a reboque uma série de medidas de contenção, das pequenas às enormes, das paliativas às mais drásticas, que vão da mudança de horário de atendimento em prefeituras até a mais importante delas, a reforma da Previdência. Quatro anos depois, o Brasil ainda luta para deixar o caixa no azul, mas alguns políticos parecem não ter entendido que o momento é de austeridade e eficiência máxima na aplicação dos recursos.

Na contramão da crise fiscal, a Câmara de Vitória insiste na ideia de aumentar o número de vereadores dos atuais 15 para 21. A proposta não é nada nova – circula pelos bastidores desde 2009, quando uma emenda constitucional alterou as faixas populacionais com limites mínimo e máximo de edis. Volta com força neste ano, conforme registrou o colunista Vitor Vogas, pela proximidade das eleições municipais. Os parlamentares adeptos da proposta querem garantir que a mudança esteja valendo já no pleito de 2020.

Pela lei, hoje Vitória poderia ter até 23 vereadores. Mas a questão aqui não é a licitude da proposta, mas sua inconveniência. Este não é o momento de aumentar os gastos públicos, especialmente sem a garantia de que Estados e municípios serão incluídos na reforma da Previdência pelo Senado.

Não há argumento que convença um morador da Capital que esteja à procura de emprego ou de uma vaga em creche para o filho que o aumento no número de vereadores é justificado. A proposta é tão imprópria que mesmo um dos seus adeptos admite que ela não deve prosperar. Nem mesmo coadunada a outro projeto que deveria compensar o contribuinte, já em trâmite na Câmara, prevendo diminuição de assessores e de verba de gabinete.

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As medidas controversas aprovadas pela Assembleia Legislativa neste ano, como a concessão de bônus de R$ 1 mil a servidores, a extinção do controle de atividades dos assessores externos da Casa e a criação de 307 cargos comissionados no Ministério Público do Estado, parecem ter aberto as comportas dos órgão públicos para extravagâncias. E esbanjamento de verba pública é moralmente condenável. A lei não restringe, mas o bom senso condena.

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