Entrevista

Capixaba que trabalhou na roça faz sucesso na São Paulo Fashion Week

Fernando Schnerocke deixou para trás o trabalho na roça, onde cuidava de animais e do plantio de grãos e hortaliças. Hoje, faz trabalho como modelo nas passarelas e campanhas

Way Models

A vida pacata em Santa Maria de Jetibá parece ter ficado para trás. Sucesso na edição do ano passado da São Paulo Fashion Week (SPFW), a principal semana da América Latina, o capixaba Fernando Schnerocke, 26 anos, (WAY Model) promete repetir o sucesso nos desfiles desta edição.  

Nada mal para quem nunca tinha sonhado em pisar numa passarela. Quiçá estar no principal evento de moda do país. "Me imaginava trabalhando no sítio ou no comércio da minha cidade", conta ele, que foi descoberto durante um festival de música da cidade. Morando em São Paulo há dois anos, Fernando diz que tem uma rotina de vida agitada e diversa. Ele fará nove desfiles. Direto do evento, ele conversou com a Revista.ag. Confira o bate-papo.   

Como você começou como modelo ?

Fui descoberto na minha cidade, em Santa Maria de Jetibá, interior do Espírito Santo. Eu tinha 15 anos de idade, quando estava com meus pais em um festival de música na minha cidade. Estávamos esperando o show começar quando um olheiro me abordou. Eu era bem "menino da roça" (risos). Ele começou a falar com meus pais sobre o potencial que eu tinha para o mercado. Eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo! Fiquei muito empolgado, pois era uma possibilidade de mudar a minha realidade.

O que você fazia antes de ser modelo?

Eu estudava e trabalhava na roça, plantando e colhendo hortaliças. Meus pais são agricultores na região. Era uma vida mais tranquila, bastante diferente do ritmo acelerado da cidade. É terapêutico estar rodeado pela natureza, observando a sua dinâmica. Ter a presença de animais e pássaros silvestres, o contato com a terra, alimentos frescos cultivados na propriedade. Tudo isso é um privilégio.

Ser modelo sempre foi um sonho?

Eu me imaginava fazendo outras coisas, como trabalhando no sítio ou no comércio da minha cidade. Pensava em estudar e seguir outra carreira, mas nunca tinha pensado ser modelo.

Qual a expectativa para essa temporada? Que desfiles você irá fazer?

É sempre uma grande expectativa. É o evento de moda mais importante do país, então agita todo o mercado. A maior expectativa é ter a oportunidade de trabalhar para essas marcas tão respeitadas que compõe a semana de moda. Vou desfilar para Another Place, João Pimenta, Amir Slama, Lino Villaventura, Handred, Triya, Piet, Ponto Firme e Cavalera.

Como é a sua vida hoje em SP? 

Hoje é tudo diferente. Já estou morando aqui há 2 anos, e por isso já conheço bem a cidade. Tenho uma rotina de vida agitada e diversa. Eu moro mais afastado da cidade de São Paulo, onde eu tenho cachorros que adoro, tem natureza, pássaros... Acho muito importante estar sempre conectado com a natureza, me faz bem. Além disso, sempre venho para a cidade.

Minha vida é bem dinâmica, por conta do trabalho. Acho isso uma das coisas mais fascinantes de trabalhar como modelo: é estar sempre interagindo com pessoas diferentes o tempo todo, e passando por lugares diferentes. Além de trabalhar, também pratico atividade física. Gosto de malhar e de caminhar.

Também gosto de ler, ficar com meus amigos, namorar, ver filmes...não sou muito festeiro. 

Já sofreu preconceito?

Nós vivemos em um país onde a discriminação se faz presente, a todo momento, simplesmente pelo fato das pessoas serem quem são. Há diversas formas de rotular as pessoas e as diminuir, mas eu acredito no valor humano, na dignidade, no respeito, no amor e na aceitação. Torço para isso.

Quais são os seus planos para o futuro?

Quero continuar trabalhando, aprendendo sempre coisas novas, ser feliz e me tornar um ser humano melhor.

Sonha em desfilar em alguma grife? 

Meu sonho é fazer aqueles comerciais lindos de perfumes que passam na TV e nos telões dos aeroportos! (risos)