Entrevista

Abdo Chequer: jornalismo integrado e dinâmico na Rede Gazeta

Abdo Chequer viu do desafio de montar uma reportagem de TV em filme fotográfico, sem cores e sem som ambiente, até os dias de hoje, com informação e análise entregues instantaneamente na palma da mão do público, por meio dos smartphones

imagem tv gazeta

Com quase 40 anos de jornalismo, ele viu na prática as mudanças da profissão: do desafio de montar uma reportagem de TV em filme fotográfico, sem cores e sem som ambiente, até os dias de hoje, com informação e análise entregues instantaneamente na palma da mão do público, por meio dos smartphones.

“Comecei na Gazeta em 1979. Trabalhava na TV, e a reportagem era feita em filme. A edição era literalmente cortar o filme com a tesoura. Uma entrevista que fiz com Tancredo Neves me levou a ser convidado para apresentar o ‘Bom Dia Espírito Santo’, que estreava em 1983. Fui o primeiro apresentador e editor de telejornal. De lá para cá, deixei a bancada para ser exclusivamente diretor de Jornalismo da TV e depois, em 2013, assumi a Diretoria Corporativa de Jornalismo”, conta Abdo Chequer, cuja trajetória equivale a quase metade dos 90 anos da Rede Gazeta, histórias que se misturam também com o amadurecimento da democracia e o desenvolvimento do Espírito Santo.

“A Gazeta sempre esteve a serviço do interesse público, do desenvolvimento do Estado, das boas causas... A imprensa é o elo entre a autoridade pública eleita pelo povo e o povo, que paga os impostos para manter as autoridades públicas dos Três Poderes. Então, a Gazeta sempre foi marcadamente a favor do Estado ético, em que as pessoas melhorem suas condições de cidadania, em que elas opinem e deem direção ao seu destino”, reforça Abdo.

Nesses 40 anos de trajetória, o que mais marcou o jornalismo da Rede Gazeta?

Sem dúvida, o mais importante foi uma presença maior das comunidades, dos mais pobres, mais carentes, falando no jornal, falando na televisão, cobrando seus direitos. Eu acho que “Lugar de Toda Pobreza”, de Amylton de Almeida (documentário exibido na TV Gazeta em 1983), é exemplar. E aí veio o trabalho do Ministério Público... As pessoas começaram a ter a noção dos seus direitos como cidadãs, ao cobrar, por exemplo, o retorno do pagamento de seus impostos.

Muita coisa mudou, inclusive a tecnologia, mas o que não mudou no jornalismo da Rede Gazeta?

A Rede Gazeta sempre busca focar o interesse público, as vocações do Estado, mostrar como o Espírito Santo é bom, é bonito, é forte... É uma empresa que se reinventou o tempo todo. E isso não mudou. A atitude da Gazeta é sempre construtiva. É sempre no sentido de fazer com que a vida do cidadão melhore. Porque somos uma empresa a serviço do interesse público, do desenvolvimento do Estado, das boas causas... Somos uma empresa plural, com espaço para todas as correntes de pensamento. Somos uma empresa vacinada contra omissão.

Porque a imprensa é o elo entre a autoridade pública eleita pelo povo e o povo, que paga os impostos para manter as autoridades públicas dos Três Poderes. Quem é que fala de forma organizada? Quem é que dá voz às pessoas? É a imprensa, somos nós.

Nesse sentido de retrospectiva, quais foram os momentos em que o jornalismo da Rede Gazeta contribuiu para mudar a realidade do Espírito Santo?

Sem dúvida, foram muitos. A Gazeta sempre foi marcadamente a favor do Estado ético, em que as pessoas melhorem suas condições de cidadania, em que elas opinem e deem direção ao seu destino. Então, pós-1982, quando o cidadão passou a eleger efetivamente os governadores, nós tivemos governos bons e outros muito ruins. Tivemos administrações que avançaram em estradas, em eletrificação rural, em equilíbrio das contas públicas, e outras que foram muito mal. Tivemos três governos, em especial, que, se tivessem sido bons, o Espírito Santo estaria hoje em um patamar muito melhor. Mas furaram as contas públicas, tiveram problemas de pagamento de servidor público. Arranharam a ética pública. Então, a Gazeta sempre foi contra isso. E lutou contra governadores, contra Tribunal de Contas, contra Assembleia Legislativa e lutou, enfim, de maneira muito difícil, contra o crime organizado. Para isso, tem independência financeira e editorial.

Qual é o desafio, hoje, de comandar uma Redação Multimídia e de formar novas gerações de profissionais?

Eu fui apresentador do “Bom Dia ES” até dezembro de 2007. Deixei a bancada do “Bom Dia” para ser exclusivamente chefe do jornalismo da TV, cargo que acumulava com a apresentação desde 1987. Em 2013, Café (Carlos Fernando Monteiro Lindenberg Neto, diretor-geral da Rede Gazeta) me convidou para fazer a direção única de jornalismo. Isso foi, para mim, uma riqueza muito grande. Porque todos os veículos fazem parte de uma só rede, trabalhando de forma integrada. Um aprendizado enorme. A missão é passar para os profissionais os valores da empresa, a nossa direção editorial, o peso que nós daremos aos assuntos. Esse é um trabalho diário. Mas temos profissionais absolutamente capazes. Tenho muito orgulho da equipe.

E o que o senhor espera do futuro desse jornalismo? Como almeja que esse jornalismo que o senhor dirige continue nos próximos anos?

Primeiro, vou destacar que estamos fazendo 90 anos. São 90 anos de uma empresa que é muito rejuvenescida. Que tem muitos jovens no comando das redações e na atuação diária das redações. Então, eu sonho que continuemos a fazer jornalismo voltado para o interesse público, feito por pessoas que estejam ligadas, que tenham uma interação muito grande com a comunidade onde vivem, que estejam focadas em melhorar a vida das pessoas. Na TV, nos jornais impressos, nos nossos aparelhos móveis, nos desktops, enfim, que a Gazeta continue sendo uma referência de jornalismo de qualidade, de respeito ao público, de respeito às instituições e de sustento da democracia.

Ver comentários