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Vídeo mostra golpe do dinheiro falso aplicado em empresário capixaba

Vídeo mostra golpe do dinheiro falso aplicado em empresário capixaba

Prejuízo da vítima foi de R$ 50 mil. A quadrilha foi denunciada pelo Ministério Público Estadual por aplicar golpes contra empresários mineiros e capixabas

Publicado em 6 de setembro de 2018 às 19:46

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Um vídeo feito por um empresário do Norte do Espírito Santo mostra o momento em que ele constata que os R$ 500 mil a ele emprestados era composto por notas falsas. Ele é uma das vítimas de uma organização criminosa que aplica golpes em empresários capixabas e de Minas Gerais. O fato já foi denunciado à Justiça estadual e aguarda manifestação do Juizado da 8ª Vara Criminal de Vitória.

O prejuízo do empresário foi de R$ 50 mil, valor destinado à propina a ser paga aos criminosos pela intermediação do empréstimo. "Descobri quando cheguei em casa e abri a maleta, que estava lacrada. Por cima tinham uns R$ 3 mil em notas verdadeiras. O restante era falso. As notas estavam amarradas com um lacre do Banco do Brasil, assinado, mas quando você o rasgava, via que no meio das notas estava escrito 'sem valor'. Fiquei revoltado, sem saber o que fazer", relata o empresário.

VEJA VÍDEO

O golpe era aplicado quando os empresário eram "convidados" a serem parceiros comerciais em um empreendimento. Para tanto recebiam uma expressiva quantia em dinheiro que começaria a ser pago em parcelas, a partir de 90 dias. Em troca pagavam uma "propina" ao grupo que os procurava pela intermediação do "negócio". Com o acordo fechado recebiam uma maleta lacrada com o dinheiro, mas tardiamente descobriam que as notas eram falsas.

O empresário do Norte do Estado relata que o contato com a quadrilha foi feito por intermédio de um amigo, que também recebeu a proposta. "Mas ele não tinha dinheiro para pagar a propina e me indicou", diz. Como precisava de recursos para um novo empreendimento, aceitou conversar com as pessoas que se apresentavam como "representantes de um deputado". E aceitou a proposta oferecida de um empréstimo de R$ 500 mil. "Me informaram que começaria a pagar em 90 dias, mas que o prazo também poderia ser negociado", contou o empresário.

Para pagar a propina exigida de R$ 50 mil, o empresário capixaba vendeu um carro e pediu dinheiro emprestado. Recebeu então, dos bandidos, a informação de que a troca seria feita no aeroporto de Confins, em Minas Gerais. "Ele me enviaram as passagens de ida e volta", relata. Lá chegando, encontrou os membros da quadrilha. "Todos de terno e gravata, não pareciam bandidos", acrescentou.

A entrega da maleta aconteceu no estacionamento do aeroporto. No porta-malas do carro da quadrilha estava a maleta, que foi aberta para que o empresário visse o dinheiro. "Mostraram rapidamente as notas que estavam por cima. Falaram até para sermos rápidos para não sermos surpreendidos por um assalto. Lacraram a maleta e me entregaram e eu dei a eles o envelope com o dinheiro da propina", contou o empresário.

Antes dele embarcar de retorno para Vitória, os membros da quadrilha ainda alertaram o empresário a ligar para eles após a chegada. "Falaram que era para telefonar e informar se tinha feito boa viagem, em segurança. Foi o que fiz, mas ninguém atendia. Fiquei desconfiado e tentei abrir a mala, sem sucesso. Só consegui em casa, quando descobri o golpe", acrescentou.

Com medo de ficar com notas falsas em seu poder, o empresário filmou a maleta (vídeo no começo desta reportagem) e, em seguida, queimou todas as notas. "Avaliei que mais cedo ou mais tarde eles seriam presos", contou. Três meses depois a quadrilha foi presa em operação da Polícia Federal.

"Foi quando procurei o delegado federal e relatei o que tinha acontecido comigo. A ele entreguei o vídeo das notas e ainda a cópia das passagens que eles pagaram", relatou o empresário, cuja expectativa é de que a quadrilha, que foi liberada pela Justiça, seja presa e que ele possa ser indenizado por seu prejuízo.

OUTRAS

Até o momento cinco vitimas foram identificadas, sendo que quatro tiveram prejuízos de quase meio milhão de reais. A quinta pessoa escapou do golpe um dia antes de fazer a entrega do dinheiro em decorrência de uma operação policial.

Oito pessoas foram denunciadas após investigações realizadas pela Polícia Federal e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Do grupo, cinco eram responsáveis, diretamente, pela aplicação dos golpes. As demais atuavam fazendo a lavagem do dinheiro obtido com os crimes. São elas: Rogério Badaró de Souza, Idelvino Mendes Gil Filho, Horley Amaral Mendes, Rozemaria Badaró de Souza, Kennedy Vieira Fonseca, Patrícia Junker dos Santos Badaró, Iala Ramos Mendes Gil e Ludimyla Ozana Vieira Domingos.

Quatro deles chegaram a ser presos, no ano passado, durante a Operação Engodo, realizada pela Polícia Federal. O relatório final por eles feito chegou a conclusão de que a quadrilha praticava estelionato, crime de moeda falsa, uso de sinal público e de organização criminosa, esta última transferida para o Gaeco. Os detidos acabaram sendo liberados nos meses que se seguiram e atualmente estão todos soltos.

De acordo com a denúncia do Gaeco, não há dúvidas de que se trata de uma organização criminosa. "Os investigados estruturam-se de forma organizada, com divisão clara de tarefas, inclusive com nomes fictícios, com objetivo claro de obter vantagens econômicas exorbitantes mediante a prática de inúmeros crimes de estelionato", destaca o texto da denúncia presente em processo na Justiça estadual. Uma prova da estruturação do grupo é que já estão realizando crimes em outros estados.

As investigações apontam que a organização criminosa vem atuando com este tipo de golpe pelo menos desde 2014, conforme declarações prestadas por uma das integrantes do grupo. As notas falsas eram produzidas em uma gráfica em Uberaba, Minas Gerais. Eram enviada para a casa de Horley ou buscadas por ele diretamente na gráfica. A falsificação foi considerada bem tosca pela PF.

A denúncia contra o grupo aponta ainda que alguns membros participavam das atividades criminosas fazendo a lavagem do dinheiro obtido de forma criminosa. "A organização criminosa conseguiu muito dinheiro decorrente dos golpes. Parte dos recursos se reverteram em evolução patrimonial dos seus integrantes. Outra parte foi colocada em nome de terceiros, de modo a transformar o dinheiro em patrimônio aparentemente lícito por meio da prática de lavagem de dinheiro com a ciência destes terceiros", diz o texto da denúncia.

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Na denúncia foi pedido a prisão preventiva de todos os envolvidos na organização criminosa, além da quebra de sigilo fiscal de todos, bem como o sequestro de seus bens.

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