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Pais devem ficar alertas em casos de diarreia acompanhada de sangue

Pais devem ficar alertas em casos de diarreia acompanhada de sangue

O presidente da Sociedade Espírito-Santense de Pediatria Rodrigo Aboudib falou ao Bom Dia Espírito Santo sobre cuidados e alertas para adultos e crianças

Publicado em 28 de março de 2019 às 13:26

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O presidente da Sociedade Espírito-Santense de Pediatria, Rodrigo Aboudib, esclareceu dúvidas sobre os sintomas. (Reprodução/TV Gazeta)

A morte de uma das crianças com sintomas de diarreia em uma creche de Vila Velha acendeu o alerta para os perigos da infecção ou intoxicação alimentar que podem levar a este quadro. Em entrevista ao Bom Dia Espírito Santo, da TV Gazeta, o presidente da Sociedade Espírito-Santense de Pediatria, Rodrigo Aboudib, esclareceu dúvidas sobre os sintomas, o que pode causar casos tão graves como o que aconteceu no município e formas de prevenção e cuidados. A principal dica do especialista é a hidratação e a higienização das mãos.

Confira a entrevista

Muito se fala em surto, mas a prefeitura também já disse que não se pode afirmar que há um surto. O que caracteriza um surto?

Primeiro a gente precisa saber efetivamente o que aconteceu e a causa disso. E é fundamental que algumas pesquisas sejam feitas, e elas estão sendo feitas. O que ocorre hoje é que a informação é muito rápida através das mídias sociais e, em razão disso, ela é repetida várias vezes, tanto a informação como a desinformação. Primeiro precisa saber o que aconteceu efetivamente. A gente acredita que isso possa ser fruto de uma gastroenterite de causa bacteriana e especificamente uma bactéria, a Escherichia Coli e ela deve produzir, nesse caso, uma toxina que é a shiga toxina. Até que se tenha clareza de que foi isso que realmente aconteceu e que gerou uma síndrome que não é comum, mas que a gente chama de síndrome hemolítico-urêmica e que é uma coisa muito grave, ela é incomum porque a gente vê diarreia com muita frequência, mas não necessariamente a gente vê uma diarreia acompanhada de uma situação como essa.

Seria uma gastroenterite mais grave?

É uma gastroenterite e normalmente com fezes sanguinolentas, mas que o agente etiológico, que causou isso, é uma bactéria com uma propriedade de agredir os vasos sanguíneos do organismo, especialmente os do rim, levando a três coisas: uma anemia hemolítica, ou seja as células vermelhas são destruídas; uma insuficiência renal e uma diminuição de plaquetas. Então é realmente uma situação muito grave, agora, não é comum

O senhor falou na possibilidade de uma bactéria, já que isso ainda não foi esclarecido. Onde está presente essa bactéria da qual se desconfia que pode ter causado essa situação? O que a gente pode fazer para evitar?

Ela existe normalmente nos animais ruminantes. Então a possibilidade de ter comido uma carne mal cozida, um leite que não foi pasteurizado, que não foi fervido, isso pode gerar uma situação como essa. É muito importante que a gente também se atente para que, na medida em que a gente trate, que a gente lide com essas crianças, que a gente lave muito as mãos, esse cuidado de lavar as mãos previne uma série de patologias. Então, mesmo dentro do ambiente hospitalar, quando a gente discute infecção hospitalar, são as mãos que são um agente poderoso na transmissão de uma infecção hospitalar.

E isso pode passar de uma criança para outra?

Mesmo uma gastroenterite mais simples, uma gastroenterite virótica, a gente observa que as vezes uma criancinha fica doente e a família inteira fica doente, então a necessidade de um cuidado de lavar as mãos diminui muito esse risco, inclusive das crianças, mas os adultos que cuidam dessas crianças também.

Quando a diarreia é um caso mais grave e quando é uma coisa mais simples? Da para saber desde os primeiros sintomas?

A diarreia sempre tem o risco em razão da questão da desidratação. No nosso país morria-se muita criança com diarreia até a instituição dos sais de reidratação oral do Ministério da Saúde, isso foi um grande avanço. Então o mais importante é manter a criança e o adulto hidratado. Nessa situação especial, que não é comum, tanto que a gente ouve falar de diarreia a todo momento, a gente não vê um quadro dramático como esse que nós vimos. É que uma bactéria que a gente supõe que seja a Escherichia coli, ela produz uma toxina, e é essa toxina que agride de forma decisiva todo o organismo da pessoa.

Se tiver sangue é preocupante?

Normalmente uma diarreia com sangue, a causa tende a ser bacteriana, embora mesmo a diarreia virótica, quando tem um, dois, três, 20 episódios de evacuação, você pode vir, num momento final, presença de sangue nas fezes. Mas já no momento inicial uma diarreia com sangue a gente imagina que seja de causa bacteriana. De qualquer forma, precisa tratar, hidratar profundamente essa criança.

O Rotavírus também pode causar diarreia?

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Com certeza, ou seja, vários vírus, os enterovírus, eles produzem diarreia. Mas o que a gente vê normalmente é que o risco maior é desidratação. Basta que você se hidrate adequadamente que esse risco diminui profundamente, então o que nós observamos nesse caso específico das crianças de Vila Velha é uma agressão incomum muito grande, mas de uma doença, de uma síndrome, que realmente agrediu de forma fatal essas crianças.

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