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Veja como funcionava o esquema para adulterar o eixo das carretas no ES

Veja como funcionava o esquema para adulterar o eixo das carretas no ES

Quadrilha que adulterava carretas no Espírito Santo contava com o apoio de funcionários do Detran de Minas Gerais e Bahia

Publicado em 21 de novembro de 2018 às 18:06

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Operação foi deflagrada na manhã desta quarta-feira no ES. (Bernardo Coutinho )

A quadrilha que adulterava carretas no Espírito Santo contava com o apoio de funcionários do Detran de Minas Gerais e Bahia. As investigações da "Operação Raptores", ação deflagrada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual (MP-ES), mostram que as carretas eram modificados em quatro oficinas do Espírito Santo e contavam com a ajuda de funcionários públicos de outros estados para legalizar os documentos falsificados do veículo. 

De acordo com o promotor de Justiça e chefe do Gaeco, Bruno Simões, as investigações tiveram início em 2017, quando dois integrantes da quadrilha foram presos em flagrante com um veículo de carga de origem ilícita. Eles pagaram fiança e foram liberados, mas acenderam o alerta na polícia. O que se iniciou como uma operação para apurar roubo de carga, se transformou em um caso de organização criminosa, falsidade ideológica, inserção de dados falsos em sistemas de informação públicos.

"Esse veículos ficavam em oficinas localizadas no Espírito Santo e os operadores do esquema mandavam os dados e os documentos do veículo para Minas Gerais e Bahia, e servidores públicos desses estados, mediante propina, regularizavam essas alterações e mandavam um documento legítimo de volta, mas ideologicamente falso", explica Simões.

PREÇOS TABELADOS

As modificações feitas pela quadrilha transformavam um veículo autorizado a andar com 300 kg em uma carreta "capaz" de transportar 35 toneladas de carga. Os serviços tinham preço tabelado: para inserir um terceiro eixo no veículo o proprietário deveria pagar R$ 3.800, já para inserir um quarto eixo, o valor era de R$ 6 mil. 

"Esses caminhões são adulterados com eixos sucateados, adquiridos em ferro velho, o que altera a capacidade do caminhão de forma drástica. Por não conseguirem fazer essa alteração no Detran do Espírito Santo buscavam servidores do Detran da Bahia e de Minas Gerais por propina, para emitir um documento válido, porém falso. São donos de oficinas e empresários que se beneficiavam do lucro de não ter que se submeter a um oficina credenciada, pagavam muito menos por isso", afirma Simões.

COMO FUNCIONAVA O ESQUEMA COM A BAHIA

O proprietário que desejasse fazer alteração no veículo entrava em contato com o Mário, dono de uma oficina no Espírito Santo que teve apenas o primeiro nome divulgado, e pagavam entre R$ 3 mil e R$ 6 mil pelo serviço desejado. Com a carreta modificada, Mário, por sua vez, entrava em contato com intermediadores da Bahia que providenciavam documentos legalizados, com informações falsas sobre o veículo. Para conseguir os documentos, a quadrilha tinha colaboradores no Detran das cidades baianas de Itamaraju, Teixeira de Freitas e Alcobaça. 

COMO FUNCIONAVA O ESQUEMA COM MINAS GERAIS

O proprietário que desejasse fazer alteração no veículo entrava em contato com Wilson Patrício, dono de uma oficina em Viana e pagava os mesmo valores pelos serviços (entre R$ 3 mil e R$ 6 mil). Wilson, por sua vez, fazia contato com outros dois intermediários, que acionavam os colaboradores dentro do Detran de Minas Gerais e viabilizava os novos documentos do veículo. 

A OPERAÇÃO

Quatro pessoas foram presas na manhã desta quarta-feira (21), em uma operação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual (MP-ES). Eles fazem parte de uma quadrilha responsável por alterar o eixo de carretas no Espírito Santo, de forma que os veículos passavam a circular com limite de peso além do permitido por lei.

PRF e Gaeco cumprem mandado de prisão e de busca e apreensão contra um dos integrantes da quadrilha em um condomínio localizado em Coqueiral de Itaparica, Vila Velha. (Kaique Dias/Gazeta Online)

Na prática, segundo as investigações, os veículos tinham a capacidade de carga aumentada de forma clandestina e sem passar por diversos critérios e exigências dos órgãos de fiscalização, levando risco para as estradas federais e ocasionando acidentes. As modificações afetam partes importantes dos veículos, como freios, pneus e outros sistemas.

A ação, batizada de "Operação Raptores" tinha 36 mandados (15 de prisão e 21 de busca e apreensão) nos estados do Espírito Santo, Bahia e Minas Gerais. Dos 15 mandados de prisão, dois não foram cumpridos: há um foragido no Espírito Santo e outro na Bahia.

VÍDEO: POLICIAIS CUMPREM MANDADO EM ITAPARICA

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FOTOS DA OPERAÇÃO

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