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Dilma, pega leve com o Levy

Trapalhadas, desmentidos e os pitos da presidente Dilma Rousseff (PT) no ministro da Fazenda, Joaquim Levy


 

Mantega ficou ali um bocado

Parecia até que seria eterno
Porém desagradava ao mercado
Queriam que ele pendurasse o terno
Por isso ele já estava marcado
Pra partir antes do fim do governo
Ainda na campanha foi riscado
Quando Dilma quitou-lhe o emprego

Pra dar ao mercado um recado
O seu substituto, a presidente
Foi buscar no próprio mercado
Deixando-o mais calmo e contente
Vindo da Escola de Chicago
Por banqueiros bem visto e bem quisto
Levy foi o escolhido para o cargo
Sentando-se em outro banco: o de ministro

E foi logo, à chefe, esclarecendo:
“Venho da iniciativa privada
Mas sei bem o que está acontecendo
A nossa economia está crivada
De erros, está pesada e está manca
É preciso fazer muitos cortes
Mas, para eu a salvar da morte,
A senhora tem que me dar carta branca”

Ao que Dilma tratou de responder:
“Você, Levy, tem livre passaporte
Estou te dando autonomia e poder
Pra ser da economia o homem forte”

Mas uma parte não ouviu o Levy
Quando, satisfeito e sorridente,
Deu as costas para a presidente,
Esta completou, de si pra si:
“Total autonomia e poder
Desde que siga a minha cartilha
Se não, terei que fazê-lo entender
Quem manda de verdade em Brasília”

Pois bem, não tardaram os atritos
E uma sequência de contendas
Dilma não se cansa de dar pitos
No seu novo ministro da Fazenda
Primeiro ele disse, sem rodeios,
Que a economia entrava em recessão
Dilma não gostou, olhou-lhe feio
E ele corrigiu pra “contração”

Depois foi novamente atravessado
Ao falar sobre o seguro-desemprego
Chamou o programa de ultrapassado
Deixando Dilma em desassossego
No dia seguinte, em uma nota,
Comunicou o novo desmentido
Seu discurso segue uma rota;
Dilma determina outro sentido

Mas Levy, com determinação,
Seguiu exercitando o seu “talento”
Ao comentar a desoneração,
Herdada, da folha de pagamento
Disse que o programa era grosseiro
E que fora custosa a “brincadeira”
Dilma, então, saltou da cadeira
Só faltou fritá-lo por inteiro
Levy, então, uma vez mais
Vem a público e se contradiz:
“Vejam, fui coloquial demais
A declaração foi infeliz”

Mas a lista não para por aí
A pior trapalhada foi esta:
Quando o nosso incauto Levy
A ex-alunos dava uma palestra
Disse, com a inocência de um menino,
O que de mais um pito foi motivo:
“Dilma tem um desejo genuíno
De acertar, mas não de modo efetivo”

Assim, Dilma já viu que com Levy
Não poderá mesmo pegar leve
“Como é que o danado se atreve?
Isso não ia dar certo, logo vi
Para ser o meu economista
Vou ter de ensiná-lo a ser dilmista”

 

 

 

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