Eduardo Fachetti

Editor de Política

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Em busca de uma nova interlocução

O caminho para a política continuar existindo e sendo respeitada é mesmo esse: diminuir os abismos com o "mundo real" e falar a linguagem dos novos tempos


Nas últimas duas semanas, a coluna tem tratado da crise política nacional, fator que vem desassossegando o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional. A conjuntura econômica, desfavorável para todos os setores, junto à nítida sensação de que os Poderes se afastaram da população, formam a alavanca de uma nova discussão sobre o papel dos governos perante o eleitorado. Como em poucas vezes na história, as pessoas parecem cobrar a fatura do voto. A sociedade não apenas não concorda com as decisões oficiais, como também exige poder de decisão.



Praça Oito

Dias atrás, na Rádio CBN, a especialista em políticas públicas Viviane Mosé opinou que, além de propostas políticas para superar o cenário desfavorável, é preciso que as administrações públicas interajam mais com as pessoas. “Temos uma reforma política que pode nos livrar da corrupção. Tem tecnologia, tem aplicativos que podem nos ajudar. A tecnologia nos livra da corrupção com transparência”, apontou.



A fala de Viviane remete à promessa feita pelo governador Paulo Hartung no dia 1º de janeiro: chacoalhar o Espírito Santo e aproximar o governo das novas tecnologias. Obviamente, a sentença não está relacionada à crise nacional, mas fato é que, já nos próximos dias, o governo estadual começará a dar os primeiros passos no sentido dessa aproximação.



Um núcleo de especialistas do Prodest – instituto que cuida da inteligência digital do Executivo – já trabalha na formulação de novas plataformas para oferecer ao cidadão comum acesso ao maior número de dados e serviços. Internamente esse trabalho é chamado de “e-gov” (sigla para “governo eletrônico). Para o público externo, isso resultará em uma série de serviços acessíveis na tela do celular.



“Estamos trabalhando a integração e a agregação de serviços para o cidadão em uma plataforma única do governo. Temos um direcionamento estratégico para horizontalizar esse debate, para que as ferramentas se tornem úteis”, diz o presidente do Prodest, Renzo Colnago.



O instituto de tecnologia trabalha, neste momento, com três produtos que servirão de ponto de partida para essa nova fase de interlocução. O primeiro, um aplicativo voltado para o agroturismo, que reunirá o cadastro de produtores rurais e a descrição do que é produzido no Espírito Santo. “Vamos colocar o agroturismo na rota mundial”, anuncia Colnago.



Outras duas plataformas já estão em fase de engenharia adiantada: uma é o “Mapa da Inovação”, que reunirá, num único ambiente, informações sobre quem são e onde estão os produtores de serviços, tecnologia e pesquisa no Estado. O outro projeto vem sendo chamado de “Cruze os Dados” – e com ele, via Portal da Transparência, o cidadão vai poder acessar informações oficiais de forma dinâmica e didática. As datas de lançamento não estão definidas.



Para um segundo momento, o governo planeja o lançamento de uma plataforma virtual que possibilite, num único ambiente, emissão de documentos, laudos médicos, que possibilite mudanças cadastrais (no Detran, por exemplo) e abertura de queixas no Procon. Para tudo isso, bastará um login e uma senha.



Pensar nessas possibilidades hoje, em meio a uma crise de representatividade tão avassaladora, parece surreal. Mas, pelo visto, o caminho para a política continuar existindo e sendo respeitada é mesmo esse: diminuir os abismos com o “mundo real” e falar a linguagem dos novos tempos.

 

Lá e cá


Em Brasília, a presidente Dilma bem que tentou impor ao Congresso a aprovação de um pacote de ajuste fiscal pensado por sua equipe. Deu no que deu. Aqui, o governo Paulo Hartung enviou à Assembleia Legislativa uma proposta fechada sobre o programa “Escola Viva”. Agora tem que administrar reações adversas.

PH no Face

 

O governador acompanhou à distância a repercussão negativa do projeto entre alunos e professores. Ontem, quebrou o silêncio via Facebook. “Coerente com a nossa prática do diálogo permanente, orientei ao líder do governo na Assembleia, Gildevan Fernandes, a retirada do regime de urgência do Projeto Escola Viva”. Fica a pergunta: por que o diálogo não foi usado na elaboração do texto?

Licitação obrigatória


O senador Ricardo Ferraço apresentou, à direção do Senado, um projeto para suspender o decreto que autoriza a Petrobras a efetivar contratos com dispensa de licitação. “No intervalo de 10 anos, quase R$ 220 bilhões em contratos foram disputados por um grupo restrito de fornecedores, abrindo espaço para esse esquema de corrupção que a Operação Lava Jato está deflagrando”, justificou.

A cadeira de Lelo

 

O deputado Lelo Coimbra foi eleito vice-presidente da Comissão de Educação da Câmara Federal.

A paz reina


Diferentemente do que a coluna informou no último domingo, o deputado federal Sérgio Vidigal garante que a relação com o governador Paulo Hartung vai bem.

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