Vitor Vogas (interino)

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Crise aguda no ninho

O PSDB estadual hoje parece desarticulado e sem rumo


Praça Oito

O membro da Executiva estadual do PSDB Michel Minassa procura apagar o incêndio interno: “Criaram uma crise artificial”. Com todo o respeito, todos os indícios o contradizem: para não falar em crise ética, o PSDB estadual passa, no mínimo, por uma aguda crise identitária, cujo estopim foi a imprevista vitória da chapa liderada por Wesley Goggi na convenção municipal de Vitória e cuja gravidade não pode ser minimizada.



Sem um padrinho político explícito, Goggi derrotou a chapa de figurões como César Colnago e Luiz Paulo Vellozo Lucas. Desde então, os tucanos no Estado se lançaram em algo mais que uma legítima disputa interna por espaços. O que se tem visto é uma luta fratricida que atinge todos os níveis do partido, desde a juventude (fragmentada e com atitudes descoladas do discurso) até líderes históricos, que estão batendo cabeça e parecem ter entrado em rota de colisão.



Um indicativo da temperatura interna foi dado ontem à coluna pelo presidente estadual do PSDB, Jarbas Ribeiro Júnior. O normalmente moderado dirigente decidiu verbalizar uma crítica, até então velada na sigla, à ação (ou inação) das estrelas tucanas na Capital: “Estamos reestruturando o partido em 65 municípios. Apenas Vitória tem dado problema, situação que já vem desde 2010. Isso está acontecendo em Vitória por falta de fazer política, o que inclui o vereador Luiz Emanuel, Colnago e Luiz Paulo”.



Olhando (ou agindo) de fora em meio a toda essa quizumba, outro líder tucano não pode ser desconsiderado na análise da situação: o vilavelhense Max Filho.



Sem história no partido, o deputado federal tem vasta história na política, uma base fidelíssima de seguidores e disposição para fazer a luta interna onde quer que esteja, seguindo a escola brizolista que ele traz da longa militância no PDT. A princípio, sua ligação com a eleição do PSDB em Vitória é absolutamente nula, mas atenção: a definição dos comandos municipais terá implicações diretas na convenção estadual marcada para o próximo dia 14.



Max acaba de assegurar o controle da Executiva municipal de Vila Velha, com a eleição de Jorge Luiz Carreta, seu assessor direto na Câmara. O novo presidente da Juventude estadual do partido, Vitor Otoni, também está lotado em seu gabinete. É o mesmo que chegou a denunciar Goggi por ameaça, em 2014, mas que agora abafa a história, indicando uma composição com o ex-desafeto.



Na eleição da Executiva estadual, os tucanos de alta patente falam em formar uma chapa de consenso, mas atenção novamente: tanto Max como Colnago pleiteiam o posto de secretário-geral (em importância, o primeiro abaixo da presidência, que Colnago não pode ocupar enquanto for vice-governador). A informação é confirmada por Jarbas. Segundo ele, Max e Colnago buscarão um acordo nesta sexta-feira. Alguém terá de ceder, e Jarbas espera que o passo atrás parta de Max, em atenção ao vice-governador.



Com ou sem a vaga, Max hoje é, entre os mandatários, o tucano capixaba que voa em maiores altitudes – o único no Congresso. Como se sabe, ele nunca engoliu a aliança costurada por Colnago com Paulo Hartung. Desde o primeiro momento, definiu como um grande erro a adesão à chapa e, posteriormente, ao governo daquele que, digamos, não é bem um aliado. Projetando um cenário a médio prazo, o potencial do deputado não pode ser ignorado como liderança de oposição. O primeiro passo para ele seria buscar controlar o partido por dentro.



Especulações à parte, fato é que o PSDB estadual hoje parece desarticulado e sem rumo. E aquilo que, aos olhos da plateia, pode aparentar uma briga pequena, na verdade oculta uma disputa bem maior travada nos bastidores.

 

As bruxas de Salim

 

O presidente estadual do PSDB, Jarbas Ribeiro Júnior, entregou ontem ao integrante da dissidência da Juventude do PSDB Elias Salim a lista cedida pelo TRE com todos os filiados ao partido em Vitória e respectivas datas de filiação. De posse da lista, Salim poderá “caçar as bruxas”, isto é, os membros supostamente recém-filiados só para compor a chapa de Wesley Goggi. Segundo Jarbas, se comprovada a suspeita de filiação em bloco, a direção tomará providências.

Coincidência?


Pode ser só coincidência, é claro, mas a repetição de sobrenomes chama mesmo atenção na chapa. Além da família Goggi, há três Dalarmelina e três Bremenkamp. Entre os suplentes, há dois Mauro Fontoura Borges: o Junior e o Neto.

Prêmio de consolação

 

Se Max Filho abrir mão da secretaria-geral do PSDB estadual, Jarbas vai lhe oferecer a 1ª vice-presidência, hoje com Guerino Balestrassi. Ainda é preciso combinar o arranjo com ambos.

Data marcada


O julgamento das contas do ex-governador Renato Casagrande no Tribunal de Contas do Estado (TCES), referentes a 2014, está marcado para 16 de julho. O relator é o conselheiro Sérgio Borges.

Dentada no erário

 

Um número que reforça a matéria publicada ontem por A GAZETA, sobre o consultório às moscas na Assembleia. A Casa paga R$ 11,3 mil por mês a dois dentistas que, em média, atendem um paciente a cada dez dias cada um. Dá quase R$ 3,8 mil por consulta dentária.

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