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PT: ou vai ou racha

Confira a coluna Praça Oito deste domingo, 9 de abril


Praça oito
Praça oito
Foto: Amarildo

Dia 9 de abril de 2017. Dia D para o Partido dos Trabalhadores no Espírito Santo. E, muito particularmente, um dia mais do que decisivo para o deputado federal Givaldo Vieira, que hoje vai para uma espécie de tudo ou nada no Processo de Eleições Diretas (PED) do partido – etapa crucial para a definição do próximo presidente do Diretório Regional do PT.

Givaldo Vieira é o personagem cuja transformação radical de um ano para cá acabou dando a tônica do processo eleitoral interno: de aliado histórico de João Coser e integrante do grupo que há anos hegemoniza o PT no Espírito Santo (o de Coser), Givaldo passou à condição de dissidente e tornou-se protagonista da disputa – ou antagonista, dependendo do ponto de vista. Antecipadamente, lançou a sua candidatura à presidência estadual, desafiando assim o comando de Coser, atual presidente estadual, e a supremacia do grupo do ex-prefeito de Vitória.

Oficialmente, hoje não é o dia em que os petistas escolherão o seu novo presidente. A rigor, todos os filiados habilitados irão às urnas para votar não nos candidatos à presidência, mas em uma das quatro chapas de delegados inscritas. O número de votos obtidos por cada chapa é o que vai determinar o tamanho da delegação que cada uma delas vai enviar ao Congresso Estadual, em maio – quando, aí sim, os delegados elegerão o presidente. São 250 assentos de delegados a serem distribuídos em razão da proporção de votos de cada chapa hoje.

Na prática, então, Givaldo só tem uma chance de se manter vivo no processo e de alentar qualquer esperança de vencer no colégio eleitoral em maio: vencer a etapa de hoje, ou seja, conseguir que sua chapa de delegados – uma congregação de insatisfeitos com a atual direção – obtenha, sozinha, a maioria dos votos hoje. Afinal, na etapa seguinte do processo, o hiato entre o PED e o congresso, a tendência é a união de forças (na prática, uma fusão) entre as outras duas chapas competitivas: a da corrente de Coser e a da CNB, do deputado estadual José Carlos Nunes, muito ligada à CUT. As duas juntas formam a atual situação.

“As alianças mais à frente já estão consumadas”, confirma o deputado estadual Padre Honório, muito próximo a Givaldo. “Acredito que Givaldo tem chances de sair vencedor agora, porque está fazendo um trabalho muito arrojado nesse sentido, rodando os municípios. Mas, se ele não sair vencedor, o resultado final (em maio) fatalmente será outro com a aliança de João (Coser) e Nunes.”

Por isso o PED é tão importante para as aspirações políticas de Givaldo, e talvez não seja exagero acrescentar: para a sua própria sobrevivência política. E o deputado indica ter plena consciência disso. É a única coisa que explica a sua estratégia de antecipar em cerca de dois meses o lançamento da candidatura à presidência – enquanto os adversários estão mais na moita – e de vir mantendo um ritmo frenético de atividades de campanha pelo Estado inteiro, o que inclui visitas a cinco cidades do interior por dia e até a plenária com o senador Lindbergh Farias na última quinta-feira.

O movimento de Givaldo explica ainda – se não totalmente, ao menos em parte – a prematura saída de Coser da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano. Em dezembro, ele justificou que, como presidente licenciado, precisava retomar o cargo para conduzir o PED. Hoje é razoável concluir: é provável que ele já pressentisse, àquela altura, a ameaça representada pelo movimento de Givaldo, em aliança com a “oposição interna”.

Falando em secretaria de Estado, o resultado de hoje também será determinante no que se refere ao futuro da relação do PT com o governo Paulo Hartung – que com certeza está bastante atento ao processo. Da vontade dos eleitores petistas depende qualquer expectativa de concretização de mudanças nos rumos do PT no Estado nos próximos dois anos e, de forma bem específica, de um possível desligamento da base governamental. Mais próximo do ex-governador Renato Casagrande (PSB), Givaldo, não é segredo, defende abertamente que o PT arrume as malas e desembarque de um governo considerado “apoiador do golpe” por ele e por seus aliados.

Por isso, hoje é tudo ou nada para ele.

Saúde metropolitana

O secretário de Estado de Saúde, Ricardo de Oliveira, convidou os secretários de Saúde de todos os municípios da Região Metropolitana (Vitória, Vila Velha, Serra, Cariacica e Viana) para uma reunião amanhã à tarde, no gabinete dele. O objetivo é discutir soluções integradas para a saúde pública na Região Metropolitana. A iniciativa é tomada poucos dias depois do estremecimento entre o governo e a Prefeitura de Vila Velha a respeito da transferência de pacientes infantis do PA da Glória para hospitais da rede estadual.

Ninho de desamor

Colateralmente, o referido estremecimento acabou evidenciando ainda mais algo já perceptível há algum tempo: divisões no PSDB estadual. O prefeito Max Filho (PSDB), através do secretário municipal de Saúde, Jarbas de Assis – que é presidente regional do partido – deixou em posição delicada o secretário estadual de Saúde, Ricardo de Oliveira, que, embora não filiado, é antigo simpatizante do PSDB. Além disso, o vice-governador César Colnago é quem toca programas de atenção à saúde infantil no governo.

Honório e Givaldo

O deputado estadual Padre Honório diz não pertencer a nenhuma corrente e a nenhuma chapa no processo eleitoral do PT. Ele admite, porém, proximidade com Givaldo Vieira e revela que alguns de seus assessores estão atuando na campanha do deputado federal. “Tenho uma ligação com Givaldo, uma parceria de mandato, mas não estou diretamente fazendo campanha para nenhum candidato.”

Nunes e Coser

Aliado de Coser na chapa da corrente Alternativa Socialista, Carlos Casteglione confirma a renovação da aliança com a chapa da CNB, corrente do deputado Nunes, após a eleição de delegados hoje. “Há um ambiente favorável no sentido de unirmos forças com a chapa de Nunes. Sempre defendi que o PT precisa buscar o máximo de unidade possível.”

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