• Últimas da coluna

Casagrande casado com Rose

Confira a coluna Praça Oito desta quinta-feira, 12 de outubro


Foto: Amarildo

Casagrande (PSB) está escondendo o jogo. Em 2018, pode ser candidato a governador ou a senador. Para se manter competitivo, tem percorrido o Estado intensamente desde maio e, hoje, aposta tudo em uma aliança, admitida por ele e cada vez mais consolidada, com a senadora Rose de Freitas (PMDB).

É certo que o ex-governador estará no jogo, mas, para não entregar o ouro aos adversários, deve deixar para decidir a posição em que jogará no limite do prazo – no caso dele, só no registro das chapas, em agosto, após a definição de Paulo Hartung (PMDB), que, se quiser disputar outro cargo no lugar da reeleição, terá que se desincompatibilizar antes disso. “Não estou afoito com relação a isso. Não preciso ser candidato ao governo nem ao Senado. Mas tenho me dedicado à construção de uma prática política e de um projeto político que possa ter princípios e valores que tenho defendido por onde passo no Estado.”

O que ele chama, vagamente, de “projeto político” é, em outras palavras, um movimento que faça frente ao de Hartung em 2018 e que se contraponha ao grupo político do atual governador, dando origem a um ou mais palanques. Para isso, o ex-governador se cerca de aliados hoje não alinhados ao Palácio, como Luciano Rezende (PPS), Luiz Paulo (PSDB) e, destacadamente, Rose (PMDB), no que ele mesmo chama de “alinhamento de princípios” – além de conversas mantidas com Max Filho (PSDB), Gilson Daniel (Podemos) e Audifax Barcelos (Rede).

“Não significa que estaremos todos alinhados no mesmo projeto eleitoral, até porque, em 2018, as alianças nacionais vão interferir nas regionais”, pondera Casagrande. “Ninguém sabe exatamente quem será candidato. E pode ser que a realidade do partido possa levar a pessoa a estar em outro palanque. Mas todas essas lideranças têm uma concordância e um alinhamento com os mesmos princípios e valores. Antes dos nomes, têm que vir as propostas. E quem tiver interesse em colocar o nome, pode colocar.”

Pois bem, um nome que o mercado político e os próprios socialistas já dão como certo é o de Rose, com quem Casagrande confirma a construção de uma parceria já explícita. “É isso mesmo. Temos conversado com certa frequência. Concordamos em ter um projeto que atenda a esses princípios e valores. Se estaremos juntos ou não no processo eleitoral, é o tempo que vai dizer. Por enquanto, temos que agregar em torno de ideias, e é isso que temos feito.”

Princípios à parte, claro está que a ideia que mais os une neste momento é a de derrotar PH em 2018. Escorregadio, Casagrande admite a estratégia de unir forças. “Independentemente da candidatura ao governo, é muito mais sensato nós dois unirmos forças em torno de um projeto em que há uma concordância. Nossa última conversa foi um pouco sobre isso: avaliação da reforma política e diretrizes para um projeto para o futuro do Espírito Santo. Conhecedores que somos do perfil do atual governador, qual o projeto que vamos ofertar à população capixaba? Podemos estar em movimentos diferentes defendendo as mesmas ideias, mas essas ideias se fortalecem muito mais se estivermos no mesmo movimento.”

O uso da 1ª pessoa do plural desmonta qualquer dúvida. Casagrande está há muito tempo na planície, habitada por feras, mas também por elefantes (candidatos pesados) e por zebras. Na dúvida, para derrotar o rei da selva no momento, o ex-governador sabe que precisa andar em grupo. Como lobo solitário, pode acabar derrotado. E devorado politicamente.

Marcelo e Messias

Nomeado na Assembleia Legislativa desde 2013, Umberto Messias de Souza Junior foi exonerado ontem do cargo comissionado de assistente de gabinete de representação parlamentar do deputado Marcelo Santos (PMDB). Ele é filho de Umberto Messias, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado aposentado em fevereiro de 2012.

Votação fora da curva...

De acordo com o Portal da Transparência da Assembleia e informação confirmada pela assessoria de Marcelo, o filho de Messias estava lotado no gabinete do deputado desde 2013. Pode ser só coincidência, lógico, mas o fato é que, na eleição do ano seguinte, Marcelo teve desempenho atípico – sobretudo para um deputado de Cariacica – precisamente em municípios do extremo Sul do Estado. É o reduto político de Messias, que chegou a ser prefeito de Bom Jesus do Norte.

Onde o vento faz a curva

Em 2014, Marcelo ficou entre os 10 mais votados em 14 municípios do Sul do Estado. Em São José do Calçado foi o campeão, com 1993 votos, ou 31,3% dos votos válidos no município – a 2ª mais votada, Janete de Sá, teve 516 votos. Em Muniz Freire e Ibatiba, Marcelo foi o 2º mais votado. Em Bom Jesus do Norte, foi o 3º. Em Guaçuí, o 4º; em Jerônimo Monteiro, o 5º. Em Iúna, Irupi e Divino de São Lourenço, o 6º. E por aí vai...

Casagrande frenético

Sem mandato, Casagrande tem percorrido o Estado em ritmo de pré-campanha. Na última segunda, ao falar com a coluna, ia discursar na Câmara de João Neiva. “A partir de maio deste ano, achei que já poderia começar a percorrer municípios da Grande Vitória e do interior debatendo um pouco da conjuntura nacional e estadual. É isso que tenho feito.”

CENA POLÍTICA

Com o sobrenome do ex-centroavante do Corinthians, Casagrande se diz disposto a jogar nas 11 posições na eleição de 2018. “Sem mandato, estou fazendo política. Não estou ansioso por candidaturas e posso contribuir em qualquer papel para agregar o maior número de forças nesse projeto. Não estou jogando no time para ser capitão nem técnico. Estou jogando para ajudar o time.” Parece mesmo discurso ensaiado de futebolista.

Ver comentários