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De saída do PDT, Euclério vai para o PSB

O deputado tem conversas adiantadíssimas com Casagrande e, mais diretamente, com o secretário estadual da sua futura sigla, Tyago Hoffmann


Praça Oito: 22/11/2017
Praça Oito: 22/11/2017
Foto: Amarildo

 

 

De saída do PDT, o deputado estadual Euclério Sampaio está a um passo de entrar de mala e cuia no Partido Socialista Brasileiro (PSB), com as portas já abertas pelos principais dirigentes regionais do partido e com todas as bênçãos do ex-governador Renato Casagrande. A coluna apurou que a decisão de Euclério já está tomada: ele quer ir para o PSB; o partido, por sua vez, quer tê-lo em seus quadros. Só falta o aval da Justiça Eleitoral para sacramentar o casamento.

Euclério fez, na última segunda-feira, algo que vinha ensaiando há alguns meses: protocolou o seu pedido de desfiliação do PDT no TRE, declarando-se vítima de discriminação política por parte do atual comando regional da legenda, controlada pelo deputado federal Sérgio Vidigal. Para ingressar no PSB, Euclério espera apenas a homologação da sua desfiliação pela Justiça Eleitoral, o que deve ocorrer sem dificuldades.

Na tarde de segunda-feira, a Executiva regional do PDT reuniu-se para tratar, pela última vez, do caso do deputado. Vidigal e outros cinco dirigentes decidiram não reclamar nenhum direito sobre a vaga na Assembleia, nem agora nem em momento algum – para a Justiça Eleitoral, os mandatos de vereadores e deputados não pertencem aos eleitos e sim aos partidos pelos quais se elegeram. “A ata será lavrada em cartório e, a partir daí, já abrimos mão de pedir o mandato dele. Como Euclério é respaldado para mudar de partido durante a próxima janela (em março), estamos dizendo: você quer ir, pode ir. Alguns meses não farão diferença. Esse assunto para nós é página virada”, afirma Weverson Meirelles, secretário-geral do PDT no Espírito Santo.

A próxima página de Euclério será escrita no PSB. Nas duas pontas, o acordo está bem amarrado. O deputado tem conversas adiantadíssimas com Casagrande e, mais diretamente, com o secretário estadual da sua futura sigla, Tyago Hoffmann. Também mantém bom relacionamento com os dirigentes do PSB em sua cidade, Vila Velha, como o professor Júnior Bola. E chegará ao novo lar com a garantia de que terá não só legenda como apoio total do PSB em sua campanha pela reeleição na Assembleia Legislativa.

Hoffmann confirma o interesse recíproco: “Caso se concretize a saída dele, com certeza é um deputado que interessa ao PSB. Euclério tem pensamento político não alinhado com o atual governo e alinhado com o nosso pensamento”.

De fato, a julgar pela atuação política mantida por Euclério nos últimos dois anos em plenário, faz total sentido o aprofundamento (e a explicitação) da parceria do deputado com Casagrande e com o grupo político do ex-governador. Após um primeiro ano de legislatura (2015) em que Euclério, até de modo surpreendente, posicionou-se na base de Hartung, o deputado assumiu a relatoria da CPI dos Empenhos no começo de 2016. No relatório final, citou secretários de Estado do governo Casagrande, mas poupou o ex-governador. Desde então, mudou radicalmente de postura.

Seja porque se viu usado pelo Palácio Anchieta, seja por não ter tido algum pleito atendido pelo governo na velha barganha entre Poderes, o fato é que Euclério voltou a ser aquele deputado que se conhecia dos primeiros dois mandatos de Hartung, usando a tribuna de forma sistemática como trincheira para disparar críticas contumazes e contundentes ao governo estadual e denúncias contra secretários de Hartung, especialmente o de Agricultura, Octaciano Neto (PSDB).

O que já não guarda tanta coerência com o PSB – para dizer a verdade, nenhuma – é o posicionamento ultraconservador recém-assumido por Euclério na Assembleia. Mais nova fase da contínua metamorfose política do camaleão de pelos eriçados, esse conservadorismo de viés religioso do qual Euclério se tornou expoente não tem nada a ver com a linha ideológica de centro-esquerda historicamente seguida pelo PSB.

Com isso, o partido de Casagrande dá um passo a mais para a direita no Espírito Santo. Não que alguém ali esteja se importando com esse ponto, que será melhor analisado numa próxima coluna.

Reforma em Vitória

Secretário de Transportes, Trânsito e Infraestrutura Urbana de Vitória, Tyago Hoffmann (PSB) discorda da interpretação de que o novo projeto de reforma administrativa da Prefeitura de Vitória vai concentrar ainda mais poder nas mãos do Secretário de Gestão, Planejamento e Comunicação, Fabrício Gandini (PPS). Como a coluna antecipou ontem, a já turbinada pasta de Gandini vai absorver também a Secretaria de Administração.

“Outro superpoderoso”

“Essa interpretação não é completamente correta. Essa mudança não deve ser pensada em termos de nomes e sim em termos de estrutura. Na verdade, a prefeitura precisa enxugar, juntando pastas que tenham afinidade. E Gandini vai ter que se desincompatibilizar até o início de abril. Depois disso vai ser outro ‘superpoderoso’”, afirma Hoffmann. Gandini será candidato a deputado estadual.

Reajuste no tíquete

Segundo Gandini, a nova reforma para enxugar a estrutura e os gastos da Prefeitura de Vitória com custeio e pessoal será enviada à Câmara junto com o projeto de reajuste do vale-alimentação de 13,5 mil servidores. O reajuste será de 28%, cobrindo a inflação acumulada dos últimos quatro anos e representando impacto de R$ 8 milhões no orçamento do ano que vem. Assim, os dois projetos estão interligados: o da reforma vem para compensar o do reajuste.

Fusão da CDV

Antes de ter a confirmação da proposta da prefeitura de fundir a Companhia de Desenvolvimento de Vitória (CDV) à Secretaria de Turismo, o vice-líder de Luciano Rezende na Câmara, Davi Esmael (PSB), mostrou certa relutância à ideia: “Individualmente acharia muito estranho. A CDV exerce função muito importante no fomento ao empreendedorismo na cidade. Tem pertinência temática com Turismo? Tem. Mas também vejo diferenças entre elas. Mas qualquer iniciativa para enxugar gastos será bem-vinda”.

Até no PT pegou mal

A iniciativa de Nunes de propor uma homenagem redundante a Lula na Assembleia foi considerada equivocada e precipitada até dentro da direção do PT no ES, pois gerou efeito contrário ao desejado.

Cena Política

Em solenidade no município de São João da Barra (RJ), o governador do Rio, Pezão (PMDB), andou enchendo a bola do seu correligionário Paulo Hartung, dizendo que este deveria se decidir logo a entrar na disputa nacional em 2018. Presente ao evento, o subsecretário estadual de Desenvolvimento, Neucimar Fraga, conta que, após o discurso, Pezão cochichou com Hartung: “Acho que te atrapalhei, né?”. É, de fato ter Pezão como apoiador ou a imagem associada ao governador do Estado vizinho não tem ajudado ninguém ultimamente. Será que PH vai mesmo querer esse “cabo fria”?

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