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Ferraço quer mudar a imagem

Confira a coluna Praça Oito desta sexta-feira, 24 de novembro


Praça Oito
Praça Oito
Foto: Amarildo

Ele criou o “gesto da mudança” para Luciano Rezende em 2012. Inventou o “abrace o Paulo” para Hartung em 2014. Agora, o marqueteiro Jorge Arapiraca acaba de lançar a hashtag “#RicardoéES”, para ajudar a “reaproximar” a imagem do senador Ricardo Ferraço (PSDB) do Estado que representa.

Com participação decisiva nas vitórias eleitorais de Luciano e de Hartung nos referidos pleitos, Arapiraca volta a colocar seus conhecimentos de consultor de imagem a serviço de um político de peso no Espírito Santo. No caso de Luciano, a meta foi fixar que ele podia representar a diferença; no caso de Hartung, foi torná-lo mais popular. Agora, o objetivo da parceria com Ferraço, segundo o próprio Arapiraca, é buscar corrigir um traço muito forte de seu perfil identificado em pesquisa qualitativa realizada pelo marqueteiro a pedido do cliente: hoje, Ferraço é percebido pelos capixabas como um “senador nacional”.

De modo geral, ele é visto como muito atuante nas causas de repercussão nacional, mas pouco envolvido nas questões diretamente afetas ao cotidiano do capixaba. Tal descolamento pode lhe custar votos preciosos em 2018, por isso Ferraço, a pouco menos de um ano da eleição, começa a trabalhar para reverter essa sensação. Confirma-o Arapiraca:

“O objetivo dessa consultoria foi turbinar um pouco a imagem do Ricardo. Eu achava, e as pesquisas mostraram isso, que ele estava muito fora do Espírito Santo. A gente então passou a trazer o Ricardo para dentro do Espírito Santo”, revela o consultor. “Trazer para dentro”, no caso, pode ser entendido literalmente: segundo Arapiraca, até a licença não remunerada de pelo menos 120 dias que Ferraço acaba de tirar do mandato tem a ver, e muito, com essa proposta de mudança de imagem. “Essa licença foi muito em função disso. No fundo, no fundo, confesso para você: a ideia foi trazê-lo para o eleitor, fazê-lo estar mais presente, mostrando o trabalho dele. Ele tinha virado um senador muito nacional. Ele não é candidato a presidente da República.”

Faz total sentido. De fato, Ferraço tem se mostrado bem atuante em pautas ligadas à ética pública (prisão após condenação em 2º grau, fim do foro privilegiado etc.) e à agenda de mudanças macropolíticas e macroeconômicas (relatou a reforma trabalhista e foi autor da PEC da reforma política no Senado, por exemplo). Mas, em sete anos de mandato, acabou ficando meio distante de questões específicas do dia a dia dos capixabas. Nesse aspecto, por exemplo, Rose de Freitas (PMDB) tem o estilo inverso: abdicou de participar de comissões e de ocupar posições de destaque no Senado para direcionar seu mandato exclusivamente à captação de recursos para municípios capixabas, o que a faz aparecer muito pouco, atualmente, em Brasília, mas ganhar a veneração de prefeitos (sempre grandes cabos eleitorais).

Segundo Arapiraca, sua consultoria a Ferraço confirmou, de maneira empírica, outro aspecto comumente atribuído ao senador: “O Ricardo ainda não alcançou nem a faixa C nem a D. Ainda é um candidato A/B”, atesta ele, referindo-se à clássica estratificação do eleitorado por classes sociais. Seria ele, então, um candidato ainda “elitizado”? “Sim”, confirma Arapiraca, que, no entanto, vê em Ferraço uma vantagem: diferentemente, por exemplo, de Magno Malta (PR), ele não estaria “limitado” pelas fronteiras da classe onde seus votos hoje se concentram. Transita muito bem entre empresários e está mais inserido nas classes A/B, mas teria potencial para crescer em outros estratos sociais. Veremos, então.

De Ibatiba a Ibiraçu

O trabalho de reconstrução da imagem de Ferraço passa, primordialmente, pelas redes sociais. “Ele formou uma assessoria bem pequena para fazer um trabalho na área de marketing, comunicação e redes sociais. E me chamou para supervisionar esse trabalho”, conta o consagrado marqueteiro Jorge Arapiraca. A guinada já é visível: na página do senador no Facebook, desde 7 de novembro, há postagens sobre Ibatiba (“a capital tropeira do ES”), sobre o café conilon de Águia Branca, e até foto dele tomando café em uma tradicional pastelaria em Ibiraçu.

Vergonhas e orgulhos

Há, ainda, republicação de notícias sobre o clamoroso caso do assassinato da menina Thayná (o qual parou os capixabas), reproduções e elogios à performance da capixaba Mariana Coelho, “menina talentosa, que conheço desde pequena”, cantora que tem encantado o país no programa “The Voice”. Todos os posts são assinados com hashtags como #OrgulhoCapixaba e #RicardoéES.

Ferraço e Hartung

Chama atenção também o volume de posts valorizando ações do governo Paulo Hartung (PMDB), mais um sinal de algo que vem-se observando há algum tempo nos bastidores políticos: a forte reaproximação entre Ferraço e Hartung. Ambos inclusive foram juntos à Universidade de Yale (EUA) no último fim de semana.

Passado no governo

A título de exemplo, Ferraço tem destacado a recém-lançada campanha “Só quem é mulher sabe”, de combate à violência contra a mulher, além de ações do Incaper e do programa Caminhos do Campo. Nos últimos dois casos, pode ser também um modo de ele reforçar, sutilmente, o seu passado como secretário estadual de Agricultura com Hartung.

CENA POLÍTICA

A leitura de uma indicação para que o governo do Estado adquira o histórico Saldanha da Gama foi a centelha para uma sessão de gozações entre os deputados na Assembleia. Primeiro Enivaldo disse que o clube foi palco do aniversário de 15 anos de Marcelo Santos, em 1940, e que Euclério, na mesma época, tumultuava o baile de máscaras com “fantasias irreconhecíveis”. Marcelo entrou na dança e “corrigiu” o colega: “Minha festa de 15 anos foi em 1939. Em 1940 foi a da Raquel Lessa”. Segue o baile!

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