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PH, Maia e Freire: engolindo o rancor

Hartung, Roberto Freire e Rodrigo Maia parecem muito próximos hoje, como partícipes de um mesmo movimento. Mas nem sempre foi assim


Foto: Amarildo

As articulações envolvendo Paulo Hartung (PMDB), Luciano Huck e alguns caciques nacionais de partidos tradicionais para formação de uma chapa presidencial têm reaproximado o governador de alguns dos antigos desafetos enfileirados por ele em Brasília ao longo de sua trajetória. Dois deles: Roberto Freire (PPS) e Rodrigo Maia (DEM).

Desde junho, Hartung tem mantido conversas frequentes com o presidente da Câmara Federal. Quando não é Maia que vem aqui, é o governador que vai a ele, em Brasília. Segundo o governador, Maia está envolvido na mesma “grande articulação nacional” da qual ele também faz parte e da qual deve resultar o lançamento de uma chapa de centro ao Palácio do Planalto em 2018.

Já Roberto Freire quer filiar Luciano Huck ao PPS e é um dos maiores incentivadores do lançamento da candidatura do empresário e apresentador de TV à Presidência da República. Na quinta-feira passada, Freire se reuniu com Huck na casa do economista Armínio Fraga, pouco antes de Hartung fazer o mesmo.

Hartung, Freire e Maia, portanto, parecem muito próximos hoje, como partícipes de um mesmo movimento, a esta altura ainda sem uma forma bem definida. Mas nem sempre foi assim. A coluna de hoje relembra os episódios em que Hartung viveu entreveros com ambos, começando por Roberto Freire.

O PPS (Partido Popular Socialista) foi fundado, no início dos anos 1990, após o fim da União Soviética, por uma dissidência do Partido Comunista Brasileiro (PCB), o mesmo onde Hartung começou a militar nos idos de 1970, ao lado de figuras como Roberto Freire. Hartung também já foi filiado ao PPS, de outubro de 1999 a outubro de 2001. Saiu para filiar-se ao PSB, partido pelo qual chegou ao Palácio Anchieta em 2003. Na época da saída, o então senador capixaba comprou uma briga enorme com Freire, que sentiu-se traído e guardou longo ressentimento do ex-camarada.

Em 22 de outubro de 2001, a Praça Oito publicou a seguinte nota: “Deu na revista IstoÉ desta semana, na coluna Fax de Brasília: ‘Ao saber que Paulo Hartung trocou seu partido pelo PSB, o presidente do PPS, Roberto Freire, telefonou para o ex-correligionário. Disse todos os palavrões que lembrou’”.

Já o arranca-rabo com Maia é mais recente, e não houve propriamente palavrões registrados por outra publicação. Houve, isto sim, palavras nada amigáveis, publicadas em A GAZETA, em entrevista dada, por coincidência, a este colunista.

Em junho de 2010, o então presidente nacional do DEM soltou cobras e lagartos sobre Hartung por causa da operação de bastidores efetuada pelo governador para dificultar a reprodução aqui da aliança nacional PSDB-DEM. Para garantir o apoio do DEM a Luiz Paulo Vellozo (PSDB), postulante ao Palácio Anchieta contra o candidato de Hartung – Renato Casagrande (PSB) –, o comando nacional do DEM, representado por Maia, precisou intervir na Executiva do partido no Espírito Santo. Na ocasião, Maia responsabilizou Hartung pela intervenção e, em entrevista para A GAZETA, disparou a seguinte declaração.

“Estamos sabendo que os deputados estaduais do DEM estão sendo muito pressionados pelo governador, que não tem limites e abusa do poder. Decidimos fazer a intervenção para tirar das costas dos deputados essa decisão e para que o governador entenda que a decisão não é dele, mas da Executiva do DEM, e para que os deputados possam chegar na frente do futuro ditador e dizer: ‘Olha, desculpa, não pudemos fazer nada’”.

Agora, o “antigo camarada” para Freire e “futuro ditador” para Maia está reunido com ambos. Voltas que a política dá.

Rio

O governador Paulo Hartung negou (enfim!) uma especulação que chegou a ser lançada na imprensa nacional e festejada por sua equipe: a de que ele poderia ser candidato a governador do RJ. “Não é compatível. As lideranças do Rio é que vão dar conta dos desafios do Rio. Isso vai ser preenchido por um líder fluminense. Eu estou do lado de cá do Itabapoana”, disse Hartung, em alusão ao curso fluvial que serve de divisa entre o Rio de Janeiro e o Espírito Santo.

Petista critica Hartung

Militante histórico do PT, o advogado Francisco Celso Calmon registra a seguinte observação: “A chapa HH (Huck-Hartung), segundo PH, que seria o vice, é para ser uma chapa de ‘centro-esquerda’. O governador perdeu completamente a referência histórica de direita, centro e esquerda. Será a chapa dos vendedores de ilusões”.

Denninho explica

O vereador Denninho negou ontem nota publicada na coluna sobre ter sido acusado pelos simpatizantes de Bolsonaro de ser favorável ao aborto. “Pelo amor de Deus, isso não procede. Jamais fui a favor de aborto, sou devoto de Nossa Senhora, participo da homilia na igreja, meu sonho é ter filho. Fui no Bolsonaro porque apoio uma pauta dele, que é o Código Penal, prender esse pessoal, mas não significa que vou votar nele”.

Como água e óleo

De todo modo, no Facebook, Denninho se disse admirador de Bolsonaro, o que por si já é bastante estranho. O deputado chama de “comunista” a todos os políticos e apoiadores de partidos de esquerda. A definição é rasteira e equivocada, mas o fato é que o deputado repudia os supostos “comunistas”. Já Denninho é do PPS, partido fundado em 1992 a partir de dissidência do Partido Comunista Brasileiro (PCB). O que Roberto Freire, presidente nacional do PPS, diria sobre essa admiração?

E aí, Segóvia?

Quando é que o novo diretor-geral da PF, Fernando Segóvia, vai responder sobre a sua relação com Temer? Sempre que indagado sobre isso, inclusive no Palácio Anchieta, dá a entrevista por encerrada.

Cena Política

Falando em Luciano Huck, um leitor muito atento registra que, em uma das várias menções feitas ao apresentador de TV na coluna do último domingo, o colunista se confundiu e grafou Hulk, como o super-herói de histórias em quadrinhos. Resta saber onde está a semelhança: se Huck, o apresentador, é também um candidato muito forte ou se não passa de um homem mutante.

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