• Últimas da coluna

Proibir ensino de sexualidade?

Projeto do deputado Euclério Sampaio que proíbe influenciar, introduzir práticas sexuais ou proceder com doutrinação sobre o assunto nas escolas do Estado gera polêmica


"PROJETO REDUZ O ESPAÇO FORMATIVO DA ESCOLA" -  Edebrande Cavalieri é doutor em Ciências da Religião e professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes)

Quando os poderes políticos passam a interferir na formação moral da pessoa humana, sem ouvir os meios acadêmicos e profissionais responsáveis cientificamente para tratar destes temas, que interesses estão por trás destas iniciativas? A orientação sexual das crianças e dos jovens sempre foi uma tarefa pertinente ao meio familiar, à escola e às igrejas ou religiões.

Mas os promotores da chamada “pauta moral” não estão no caminho da discussão acadêmica ou com o povo. Seus promotores deveriam tratar da moral pública, da transparência, da ética pública, para um convívio humano e democrático.

Um projeto como este reduz o espaço formativo da escola, impondo-lhe medo, censura, controle, e repressão. A censura, em geral, é o braço político do exercício do poder antidemocrático.

O mais perigoso ainda é a união deste movimento “moralista e conservador” com alguns setores religiosos. Nunca se sabe em que isso vai dar. Dos tempos medievais não guardamos boas recordações com a ação da Inquisição, braço direito do controle social e político medieval, com a caça as bruxas.

A salvação moral de nosso país não se refere à questão sexual, mas a conduta dos agentes públicos no exercício do poder. Projetos desta natureza são meios eficazes para a sepultura da moralidade e da ética pública. O grande risco que temos pela frente é que isso pode resultar no túmulo da democracia.

"RESGUARDAR A INTEGRIDADE PSICOLÓGICA DAS CRIANÇAS" - Amanda Costa é professora atuante na Educação Infantil

Após ler o projeto, ficou claro que o objetivo do parlamentar é coibir as ações que possam influenciar a sexualidade das crianças, introduzir práticas sexuais e promover a doutrinação de gênero aos menores de idade. Não há na proposta a proibição do debate sobre orientação sexual ou outro tema relacionado à sexualidade humana quando estes não induzirem de forma tendenciosa o desenvolvimento sexual da criança. Concordo com a matéria por entender que o Estado não pode substituir o papel da família. A família educa, e a escola ensina. O problema se torna mais grave quando tentam impor estes conteúdos aos alunos da educação infantil, inserindo ideologias duvidosas e sem fundamento científico, expondo as crianças a métodos impróprios e constrangedores ao indivíduo que ainda é vulnerável psicologicamente, interferindo no seu desenvolvimento cognitivo.

Acredito que o projeto do deputado Euclério Sampaio assegurará o direito da família em educar seus filhos de acordo com seus princípios éticos e morais, além de resguardar a integridade psicológica das crianças nas escolas de nível infantil e fundamental, garantindo seu crescimento sem que promovam sua erotização precoce.

 

 

Ver comentários