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Terceira Ponte: interdição recorde motiva revisão de plano de resgate

Terceira Ponte: interdição recorde motiva revisão de plano de resgate

O tenente-coronel Rodrigo Ribeiro, que coordena os trabalhos, destaca que novas mudanças precisam ser feitas para evitar que outras pessoas fiquem retidas no local

Publicado em 19 de setembro de 2018 às 23:48

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Motoristas enquanto aguardavam a liberação da Terceira Ponte. (Vitor Jubini)

Há cerca de 14 meses, uma ação realizada na Terceira Ponte para o resgate de uma pessoa mudou a forma de atuação do Corpo de Bombeiros. Naquele dia, 25 de julho de 2017, perceberam que, para o trabalho de resgate ser bem sucedido, era necessário a interdição completa da via. Hoje o tenente-coronel Rodrigo Ribeiro, do Corpo de Bombeiros, que coordena os trabalhos, destaca que novas mudanças precisam ser feitas para evitar que outras pessoas fiquem retidas no local.

Em função isso foi criado um grupo que está elaborando um plano para as situações de emergência que resultam na interdição da Terceira Ponte. 

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A tática de fechar a ponte para viabilizar o trabalho de resgate é necessária, é adotada em outros estados e vai ser mantida. Mas reconhecemos que não se pode manter outras pessoas retidas na ponte e em seus acessos. Estamos estudando como podemos retirá-las

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Uma das primeiras conclusões é de que precisam ter um contato ainda mais rápido com as guardas municipais para que elas bloqueiem os acessos à ponte e viabilizem formas de retirar os que ficaram retidos. Outra possibilidade considerada é a liberação do fluxo de trânsito somente para os veículos que estão retidos no local. "É importante que a população saiba que não estamos cegos ao problema, cuja gravidade foi maior no último dia 10", relata.

Ele se refere à interdição total da ponte que durou mais de 8 horas, período em que ocorreu o trabalho de resgate de uma pessoa que atentava contra sua própria vida. O bloqueio da via causou um grande nó no trânsito da Grande Vitória e centenas de pessoas acabaram ficando, por horas, retidas não só no vão da ponte, mas também nos acessos em vitória e Vila Velha.

Em decorrência disso, foi aberto um inquérito civil pelo Ministério Público Estadual que visa apurar a falta de segurança a que foram submetidas as pessoas obrigadas a ficar retidas. O documento aponta que houve falha na atuação da concessionária Rodosol e do Poder Público, ao colocarem centenas pessoas sob risco. "Mediante a deficiência na adoção de ações proativas visando resguardar a incolumidade dos demais que permaneceram sem assistência no alto da Terceira Ponte, ou fora dela, com limitação momentânea de exercício do seu direito de locomoção", destaca o texto do inquérito, assinado pelo promotor Rafael Calhau, da 27ª Promotoria Cível de Vitória.

SURPRESA

Portões da Terceira Ponte. (Marcelo Prest)

O tenente-coronel relata que uma das medidas que poderiam ter sido adotadas no último dia 10, para minorar o sofrimento dos que ficaram retidos, era a abertura dos chamados gates - portões que existem na mureta central da ponte. Mas os policiais, conta ele, tiveram dificuldades com os motoristas. 

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Quem estava ao lado dos gates se recusava a tirar o carro e fazer o retorno, impedindo ainda o acesso dos demais aos gates. Queriam permanecer no local, para nossa surpresa. Foram notificados, mas optou-se por não adotar medidas de força policial para a retirada deles

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A passagem destas pessoas pelo local de atuação dos bombeiros foi vedada, explica o tenente-coronel, para evitar que fizessem comentários inadequados com a vítima que estava sendo resgatada. "Em outras situações observamos que as pessoas insuflam o cometimento de suicídio, o que é crime, além de tirarem fotos. Ações que atrapalham o trabalho de resgate", diz Ribeiro.

Ele ressalta que, em geral, as ocorrências para este tipo de resgate são imprevisíveis. Podem ter uma solução rápida ou demorar horas. "É uma negociação pela vida. E a maioria não sabe, mas a presença de outras pessoas no local deixa a vítima constrangida até para desistir da ação", observa.

Participam do grupo que elabora o planejamento, além dos bombeiros, representantes da Polícia Militar, da concessionária Rodosol, da Agência de Regulação de Serviços Públicos (Arsp), Ministério Público Estadual e Guardas Municipais de Vitória e Vila Velha. 

 

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